Masp inicia o restauro da maior obra de Poussin

Especialistas do Louvre trabalharão 6 meses em quadro do mestre barroco

PUBLICIDADE

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

O cônsul-geral da França em São Paulo, Jean-Marc Gravier, o adido cultural da França, Jean-Martin Tidori, e o presidente do Masp, João da Cruz, anunciaram ontem pela manhã o início da restauração da maior obra existente de Nicolas Poussin do mundo, o quadro Hymenaeus Travestido Durante Um Sacrifício a Príapo (1634-1638), óleo sobre tela que mede 167 x 376 cm. Poussin foi um pintor francês clássico do período barroco. Este é talvez o maior trabalho de restauração de uma obra levado a cabo em São Paulo nesta década. Consumirá seis meses de trabalho e 200 mil, que estão sendo bancados pela empresa francesa CNP Assurances. O Masp assinou uma parceria com o Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França (C2RMF), o Museu do Louvre e a Escola de Belas Artes da UFMG. Está no Brasil, para trabalhar na obra, Regina da Costa Pinto Moreira, restauradora independente ligada ao Museu do Louvre e outros museus nacionais franceses. A médica Béatrice Serrazin, chefe do Departamento de Restauração do C2RMF, que já trabalhou na recuperação de 40 obras de Poussin, veio a São Paulo para fazer a leitura das radiografias tiradas da obra. A coordenação do trabalho será de Karen Barbosa, restauradora do Masp, e Eugênia Gorini, coordenadora de intercâmbio do museu. Outro especialista francês que trabalha no projeto é Michel Menu, chefe do Departamento de Pesquisa do C2RMF. O anúncio do restauro da tela de Poussin abre as comemorações do Ano da França no Brasil, que terá seu auge em maio, quando se inaugurará a exposição Arte na França 1860-1960: O Realismo no Brasil, com obras do acervo do Masp, de museus franceses e da coleção do Museu Berardo, de Lisboa. A exposição terá o patrocínio do Carrefour. Entre as mais de 100 telas da exposição, muitas que virão ao País pela primeira vez, está Déjeneur Sur L?Herbe, de Picasso, na qual o mestre espanhol relê uma tela fundamental de Édouard Manet (Déjeneur foi exibida pela primeira vez em 1863, no Salon des Refusés, em momento que assinalava a passagem do Realismo de Courbet para o Impressionismo). Entre os artistas com obras-chave na mostra estão Delacroix, Manet, Van Gogh, Degas, Monet, Cézanne, Renoir, Toulouse-Lautrec, Maurice Utrillo, Bonnard, Vuillard, Picasso, Matisse, Léger, Balthus, Francis Gruber, Hélion, Fautrier, Pierre Klossowski, Hans Bellmer, Victor Brauner, Max Ernst, Miró, Yves Tanguy, Dalí, Dubuffet, Martial Raysse, Arman, Nicki de Saint-Phalles, Lourdes Castro, Alain Jacquet, Jacques Monory, Duchamp, Giacometti, entre outros. "Tratamos de 100 anos de arte na França, e não da França, com o foco da passagem do realismo. Isso permite passar em diagonal por vários movimentos, que não querem apagar o que está por trás, que é a figura", disse o curador do Masp, José Roberto Teixeira Coelho. O curador-chefe dessa mostra será o francês Eric Corne. Em quase um século, a exposição examina as transformações na representação da figura humana, detendo-se nos anos 1960, quando, de acordo com Teixeira Coelho, a França deixa de ser tão significativa na arte mundial e o eixo desloca-se para os Estados Unidos. Essa última fase foi examinada em exposição no Grand Palais de Paris em 2008, a mostra Figuração Narrativa - Paris 1960-1972. O Masp tem um ano ambicioso pela frente, que terá a fotografia espanhola de Manoel Vilariño em maio, Vik Muniz em abril, Vera Chaves em agosto e um recorte da coleção de quase 4 mil obras do Centro Galego de Arte Contemporânea em outubro. Em novembro, esculturas de Rodin serão cotejadas com suas fotografias originais, numa mostra que virá do Museu Rodin.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.