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Marina Machado exibe sua faceta mais pop

Sem se desvincular do padrinho Milton Nascimento, a cantora traz à cidade o repertório do álbum Tempo Quente, em que expande seu universo sonoro

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

A principal referência da mineira Marina Machado já se tornou bem conhecida. Depois de participar do álbum Pietà, de Milton Nascimento, em 2002, ela acompanhou o cantor pelas turnês durante cinco anos. Agora, Marina mostra seu outro lado de intérprete no álbum Tempo Quente, cujo repertório é a base do show que a cantora faz hoje no Bourbon Street Music Club, dentro da série Terça por Elas. É seu sexto disco, o terceiro solo e o mais pop de todos. Milton assina a direção artística do CD, lançado por seu selo Nascimento, é autor de duas faixas - a instrumental Lilia e Unencounter, a versão em inglês de Canção da América - e canta com ela Discovery, de Lula Queiroga. No entanto, a cantora, tida como "filha do Clube da Esquina", expande seus belos horizontes para além das asas protetoras do padrinho. "Não quero me desvincular, mas não quero ficar limitada a isso. Sou fã do Clube da Esquina, tenho uma relação muito boa com Lô Borges, Beto Guedes, Milton. Mas quero também cantar outras coisas, sou uma intérprete, não preciso ficar cantando um ou outro compositor só", diz Marina. Nessa vontade de variar ela equilibra o antigo e o novo no álbum, com canções de Vinicius de Moraes (Samba de Gesse), Erasmo e Roberto Carlos (Grilos), Marcos e Paulo Sérgio Valle (A Paraíba Não É Chicago), Seu Jorge (Seu Olhar), Max de Castro (Candura) e os conterrâneos Affonsinho (Disco Voador e Vagalumes), Samuel Rosa e Chico Amaral (Simplesmente), entre outros. A faixa-título é de Anderson Guerra. Samuel e Seu Jorge também cantam com ela no CD em faixas de outros autores. Parte da realização de sua faceta mais pop se deve à influência desse repertório, que ela pesquisou com Dênio Albertini. "Não é uma mudança de rumo. Sempre quis fazer algo mais pop, mas nunca chegava a um resultado como esse agora", diz a cantora. "Nunca tinha feito uma pesquisa de repertório que conhecesse coisas novas. Sou muito ligada em Björk, queria não ficar mais só nesse universo que vinha cantando há muito tempo." Marina diz que todas as músicas do CD ela canta para alguém. "Todas as letras eu canto como se estivesse conversando com uma pessoa, mas na verdade é pra mim mesma", diz a cantora, que, tendo passado por uma desilusão amorosa, havia pensado a princípio em fazer um disco melancólico. Esse aspecto aparece também no show, mas de forma irônica. "É como aconteceu no disco também. Tinha terminado um namoro e sempre que escolhia uma música para cantar, percebia que era triste. Mas é engraçado que depois fui percebendo que as letras das canções que escolhi tinham sempre uma tirada positiva dessas situações e me faziam rir das coisas." Uma faixa dançante (Assim, de Moreno) e outra tranqüila (Otimismo, de Célio José e Marize Santos) são duas faces bem ilustrativas desse estado de espírito. No show, Marina será acompanhada por parte da banda que gravou com ela - Kadu Vianna (violão e guitarra), Ricardo Fiúza (teclados), Alexandre Mourão (baixo) e Lenis Rino (percussão) - e se concentra mais no repertório do novo CD, mas também interpreta canções dos discos-solo anteriores e outras de Jorge Ben (Que Pena e Vou Andando) e Humberto Teixeira. A direção, do ator Rodolfo Vaz, do Grupo Galpão, contribuiu para deixar Marina mais solta no palco. Serviço Marina Machado. Bourbon Street Music Club (400 lug.). Rua dos Chanés, 127, 5095- 6100. Hoje, 22h30. R$ 35

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