Marilyn e Gable brilham no faroeste crepuscular de Huston

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Por Luiz Zanin Oricchio
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Os Desajustados ((Telecine Cult, 12h55) é o que se poderia chamar de filme mítico. Dirigido por John Huston, foi o último trabalho de dois ícones do cinema americano - Marilyn Monroe e Clark Gable. O roteiro foi escrito por Arthur Miller, na época casado com Marilyn. Seu objetivo era claro - dar à mulher um papel digno, que a livrasse do estereótipo de loura burra que a perseguia. Engano, pois Marilyn, fazendo papéis cômicos, já entrara para a história do cinema pela mão de Billy Wilder. Ou alguém consegue esquecer-se dela em filmes como O Pecado Mora ao Lado ou Quanto Mais Quente, Melhor? Miller deu-lhe aqui um papel dramático - e da melhor qualidade. Por sorte, o diretor também era um fora-de-série como John Huston, que, em preto-e-branco magnífico, esculpiu esse faroeste crepuscular. Sim, porque tudo é crepúsculo, decadência e finitude nessa história de caubóis que perderam a razão de ser no mundo moderno e exercitam-se em rodeios que já não têm mais o sentido de antes. Agrupam-se também em torno de Roslyn, a personagem de Marilyn, uma divorciada sexy. A disputa pela mulher nem sempre revela o melhor do homem, ainda mais em situações terminais, como Miller e Huston quiseram expor. Considerações à parte, é um grande filme.

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