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Mágico e assustador, Coraline ganha vida de forma artesanal

Adaptação do livro de Neil Gaiman é primeira animação ''stop-motion'' feita em 3D

Por Bruno Galo
Atualização:

Seja muito bem-vindo ao mágico e sombrio mundo de Coraline Jones, em que, pipocas pintadas uma a uma imitam flores, estrelas são feitas com fibra óptica, um bigode é composto, na verdade, de cordas de piano, e chumaços de algodão mimetizam com precisão uma nuvem de vapor. Pode até não parecer, mas acredite, quase tudo em Coraline e o Mundo Secreto, que estreia nesta sexta-feira, 13, é real e feito à mão - houve apenas uma ajudinha da computação gráfica na fase de pós-produção. Esqueça os desenhos animados tradicionais (O Rei Leão, Tarzan, etc.), esqueça as animações feitas em computador (Shrek, Procurando Nemo, etc.). Aqui, estamos no terreno das animações em "stop-motion" (A Fuga das Galinhas, A Noiva Cadáver, etc.), que utilizam bonecos, figurinos e cenários reais, tudo em miniatura. No caso, foram mais de 150 sets de filmagem e 250 marionetes. Baseado na premiada obra homônima, lançada em 2002, pelo escritor inglês Neil Gaiman, o filme é dirigido pelo norte-americano, Henry Selick (mestre na técnica de animação com bonecos), do cultuado O Estranho Mundo de Jack, de 1993. O título, que custou cerca de U$S 70 milhões para ser feito, conta a história de uma menina de 11 anos que acaba de se mudar com os pais para um antigo palácio cor-de-rosa. Até que um dia, ela descobre uma passagem escondida para o tal mundo secreto. Nele, Coraline encontra uma nova família, aparentemente mais gentil e amorosa. Mas como a "velha Alice" nos ensinou as aparências enganam e logo nossa heroína estará bem encrencada. O trabalho para produzir um longa em "stop-motion" é brutal. Para se ter uma ideia uma única sequência, a do Circo dos Ratinhos, por exemplo, levou inacreditáveis 66 dias para ser animada. Já as tais flores feitas de pipocas consumiram mais de 800 horas de trabalho manual da equipe. As filmagens de Coraline duraram, ao todo, cerca de 18 meses, isso sem contar os dois anos de pré-produção e outros quase seis meses de pós-produção. Tanto trabalho compensou, na tela o que se vê é talvez a mais rica e bela animação em "stop-motion" já produzida. A profusão de detalhes impressiona: a grama que se mexe ao fundo com o vento, o florescer no jardim fantástico, a névoa que cobre os pés dos personagens e desce pela escada, etc. Tais minúcias são ainda mais fascinantes uma vez que tudo (personagens, iluminação, objetos de cena, etc.) têm que ser milimetricamente movimentado a cada quadro - e há 24 quadros por segundo em um filme. "É como trabalhar com marionetes, só que sem fios", explica a animadora Amy Adamy. Mas, Coraline oferece mais: a animação é a primeira do gênero feita em 3D. E o efeito nunca esteve tão agradável e em sintonia com a proposta meio sinistra e que pode assustador os pequenos. Ah, e não saía da sessão antes dos créditos finais, uma cena dá uma amostra da parafernália usada nas filmagens.

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