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Lula mantém em 2008 cota de tela igual a 2007

Decreto, publicado ontem, estabelece obrigatoriedade mínima e máxima de exibição de filmes nacionais

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilberto Gil publicaram ontem no Diário Oficial da União o decreto no qual determinam a cota de tela a ser cumprida no País - a obrigatoriedade de as salas de cinema exibirem filmes nacionais em território brasileiro. A despeito da reivindicação de cineastas de que fosse aumentada em até 15%, ficou mantida a cota de tela de 2007 - mínimo de 28 dias de exibição em salas individuais, 70 dias para quem tem até 2 salas, 126 dias para quem tem 3 salas, 196 dias para 4 salas, 280 para quem tem 5 salas, e assim progressivamente, até o máximo de 644 dias para quem tem mais de 20 salas (com mais 7 dias por sala adicional). A multa para o descumprimento do decreto é de 5% da renda diária da bilheteria. Na quarta-feira, a Ancine já tinha publicado uma instrução normativa regulamentando o cumprimento e a aferição da exibição obrigatória de filmes nos circuitos nacionais. Entre as novas regras, está a obrigatoriedade de exibição, no primeiro semestre, de no mínimo 30% da cota de tela fixada no decreto do presidente. O exibidor poderá requerer à Ancine a transferência de dias de obrigatoriedade de um determinado complexo para outro (limitado a um terço do total). O decreto também trata da diversidade de títulos nacionais a serem exibidos por cada sala de cinema ou complexo. Assim, o número mínimo de títulos a serem exibidos é de 2 filmes diferentes, e o máximo é de 11 títulos diferentes (incluindo todas as obras cinematográficas lançadas entre dezembro de 2007 e dezembro de 2008). Segundo Nilson Rodrigues, diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine), houve de fato ''''uma estagnação da participação do filme brasileiro no mercado''''. Segundo Rodrigues, isso se dá principalmente em decorrência do sucesso de poucos títulos. ''''A maior parte dos títulos tem performance de mercado muito fraca, o que dificulta aos distribuidores o cumprimento da cota de tela.'''' O desempenho do cinema nacional tem colocado em trincheiras opostas dois dos principais detentores de estatísticas sobre o mercado, o boletim Filme B e o Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro. Segundo o sindicato, o público em 2007 deve ficar entre 89 milhões e 90 milhões de espectadores (em 2006, alcançou 91,2 milhões), o que representaria uma queda entre 1,5% e 2,5%. Já o boletim Filme B divulgou que, a um mês do fim de 2007, o crescimento do público de filme nacional tinha sido de 9,5%. Segundo análise de Jorge Peregrino, diretor do sindicato, o público do filme nacional está ''''estagnado''''. Ele exemplifica com o crescimento do número de salas de cinema (em 2006, havia 2.220 salas de cinema no País; 2007, 2.355, ou 151 novas salas, um crescimento de 6%). Proporcionalmente, o público diminuiu. De acordo com o sindicato, foram 9.932.474 espectadores de filmes nacionais em 2006 e o número estimado para 2007 é de cerca de 10 milhões (graças ao sucesso de Tropa de Elite, filme de José Padilha, visto por 2,4 milhões de espectadores).

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