Livro ensina crianças a reproduzir obras de 100 artistas brasileiros

Editora Cobogó selecionou algumas atividades lúdicas para explicar aos pequenos obras modernas e contemporâneas, de Tarsila a Nuno Ramos

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Montar uma escultura de ferro do mineiro Amilcar de Castro num pedaço de papelão, refazer uma composição com ‘bandeirinhas’ de Volpi numa collage ou transformar uma esfera de isopor numa obra do escultor Sergio Camargo são apenas três dos 100 exercícios preparados por quatro autoras – Isabel Diegues, Márcia Fortes, Mini Kerti e Priscila Lopes – no livro Arte Brasileira para Crianças, que será lançado hoje (4), às 11h, na Pinacoteca do Estado.

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A publicação, original, é fruto de uma pesquisa de três anos que envolveu pedagogos, educadores e teve a supervisão da respeitada escritora e acadêmica carioca Ana Maria Machado, autora de várias obras para crianças. O desafio era grande: como explicar o ‘parangolé’ de Hélio Oiticica, o ‘objeto ativo’ do neoconcreto Willys de Castro ou as instalações de Cildo Meireles sem subestimar a inteligência visual das crianças?

“Fizemos escolhas a partir das obras, aquelas que nos pareciam mais lúdicas, para que as crianças entendessem o conceito ao refazê-las”, responde Isabel Diegues. Como é da natureza da arte contemporânea o diálogo com o lúdico, conclui a editora, nomes da geração posterior ao modernismo foram privilegiados. Contudo, quase todos os movimentos históricos da arte brasileira do século 20 estão representados: o concreto (Geraldo de Barros), o neoconcreto (Lygia Clark) e a arte pop (Gerchman) são alguns deles.

“Mais do que ensinar, queríamos que as crianças se apropriassem da obra desses nomes”, justifica Isabel Diegues, que já editou na Cobogó livros de artistas para esse público (um de Vik Muniz com Adriana Calcanhotto, por exemplo). A galerista Márcia Fortes, sua sócia na editora, confirma a busca do caráter lúdico da obra de arte. “Queremos sair do mimético para que a criança desenvolva seu lado criativo e descubra os caminhos que conduziram à arte conceitual nos anos 1960, reservando ainda um glossário no final para definir técnicas, escolas e movimentos.”

Todas as quatro autoras, que atuam em diferentes áreas, têm filhos, ou seja, passaram pela experiência de transmitir a elas o conhecimento artístico. “Somos muito ruins para construir a própria história”, reflete Márcia, que estreia como autora. 

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