Lições de Mozart em 38 concertos

Folle Journée começa hoje na Sala Cecília Meireles e vai ocupar seis palcos do Rio, unindo artistas brasileiros e franceses

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Por João Luiz Sampaio
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Trinta e oito concertos, seis palcos, cinco dias. Todos dedicados a Mozart. Se paramos para pensar, é uma loucura. Mas é em parte devido a ela que a Folle Journée tem conquistado um espaço cada vez maior no cenário musical brasileiro. Criada na França nos anos 90, chegou ao Rio em 2007. Desde então, virou marco do calendário da cidade com a proposta de imersão na obra de determinado compositor a partir de uma profusão de concertos curtos, nos quais aparecem suas principais obras. A maratona deste ano começa hoje, com duas apresentações. Às 18 horas, o Octeto Villa-Lobos toca no Auditório do BNDES; e, às 20 horas, a abertura oficial, com a Orquestra Rio Folle Journée regida pelo maestro Roberto Tibiriçá e com solos da pianista Sonia Goulart. A presença de orquestra própria é uma das novidades deste ano do evento. Nas edições anteriores, participou a Sinfônica Nacional da UFRJ, com a maestrina Ligia Amadio. Ela voltou a São Paulo e agora comanda a Sinfônica de Campinas. Em troca, Tibiriçá, que tem desenvolvido importante trabalho à frente da Sinfônica de Heliópolis, foi repatriado ao Rio, onde criou um conjunto especial para o festival. Outras duas orquestras também estarão presentes: o conjunto vocal Calíope, de Julio Moretzsohn, montou uma formação de câmara para acompanhá-lo na apresentação de peças como a Missa Breve ou trechos da Missa da Coroação - eles fazem também um concerto em que mostram as relações entre a música de Mozart e a de compositores de sua época em atividade no Brasil; e a Filarmônica de Minas Gerais, orquestra convidada, faz dois concertos com regência de Fábio Meccheti e solos do pianista Arnaldo Cohen. A julgar pelas edições anteriores, são justamente os que envolvem orquestra os concertos mais concorridos - além da música sacra de Mozart, teremos ainda sinfonias e concertos para piano, além de aberturas de suas principais óperas. Mas verdadeiras pérolas da programação se espalham também ao longo dos dias e concertos de câmara. Como escolher os concertos, que ocorrem simultaneamente nos seis palcos? A dúvida faz parte da graça do festival. É possível optar por um gênero - as sonatas, os quartetos, as sinfonias - e acompanhar seus intérpretes. No entanto, interessante pode ser também encarar uma mistura geral, um quarteto pela manhã, sonatas depois do almoço, uma sinfonia ao cair da noite. As relações que vão se construindo na mente do ouvinte passam assim a oferecer um olhar mais completo e, ao mesmo tempo, totalmente individual da obra de Mozart. É essa a ideia central por trás da criação da Folle Journée, como explica o idealizador do projeto, o francês René Martin. Mas, enfim, vamos ao cardápio, que é diversificado. As sonatas para piano serão interpretadas ao longo da programação pelos pianistas Jean-Claude Pennetier, Anne Queffélec, Berenice Menegale, Eduardo Monteiro e Sonia Goulart, Marcelo Thys, Luciano Magalhães e Christian Ivaldi. Os quartetos de corda são responsabilidade do Ysaye que, por sinal, será conjunto residente do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Outras formações prometem: a harmônica de José Staneck com o piano de Flávio Augusto; o piano de Fany Solter com o cello de Fabio Presgrave e o violino de Daniel Guedes; as cordas do Ysaye com o piano de Anne Queffélec e a viola de Gérard Caussé. A música vocal, é uma pena, tem ficado de fora da programação da Folle Journée - e, no caso de Mozart, as óperas mereciam um pouco de espaço. Mas sua produção para voz estará representada nos concertos do Calíope, que terão como solistas artistas como o contratenor Paulo Mestre, a soprano Livia Dias e o barítono Rafael Thomas. Os palcos SALA CECÍLIA MEIRELES: Largo da Lapa, 47, tel. (0--21) 2224-4291; 835 lugares SALA GUIOMAR NOVAES: R. Teotônio Regadas, s/n.º (anexo da Sala Cecília Meireles); 150 lugares TEATRO JOÃO CAETANO: Praça Tiradentes, s/n.º (0--21) 2332-9257; 1.200 lugares IGREJA N.ª SRA. DO CARMO DA LAPA: Largo da Lapa, s/n.º; 200 lugares ESCOLA DE MÚSICA DA UFRJ - SALÃO LEOPOLDO MIGUEZ: R. do Passeio, 98, tel. (0--21) 2262-8742; 800 lugares AUDITÓRIO DO BNDES: Av. República do Chile, 100, tel. (0--21) 2172-7757; 300 lugares

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