Latão faz 10 anos e ganha sede

Espetáculo de Brecht e exposição de fotografias integram as comemorações

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Por Livia Deodato
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A Cia. do Latão acaba de completar dez anos de existência e convida a todos para a festa que tem início hoje e vai até o fim de outubro. Motivos para comemorar de forma tão intensa não faltam: um dos grupos teatrais paulistanos mais engajados social e politicamente, o Latão inaugura hoje sua nova sede (Rua Harmonia, 931, tel. 3814-1905, V. Madalena) e reestréia seu trabalho mais recente, O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht, no próximo sábado, no Teatro da Universidade de São Paulo (Tusp). O espetáculo volta ao cartaz paulistano após temporada de sucesso no Rio, Recife, Londrina e Araraquara. Além disso, uma série de atividades está sendo preparada, como a exibição de oito documentários produzidos ao longo de cada montagem do grupo; uma exposição fotográfica com trabalhos de João Caldas, Stela Caputo e Lenise Pinheiro, entre outros; uma apresentação do grupo Filhos da Mãe Terra, de Sarapuí-SP, do assentamento Carlos Lamarca, ligado ao Movimento dos Sem-Terra (MST); e debates com os professores Iná Camargo Costa e José Antonio Pasta Jr. sobre a representação dos problemas brasileiros nas peças do grupo. Os Filhos da Mãe Terra vêm apresentar um exercício intitulado Fazendeiros e Posseiros, baseado na peça Horácios e Curiácios, de Brecht. Quatro oficinas - atuação, música, vídeo para teatro e produção cultural - serão oferecidas no Tusp, a partir da semana que vem, por atores e colaboradores da companhia. As inscrições estão abertas e os interessados devem comparecer com currículo artístico até a próxima sexta, das 10 às 13 horas, na administração do Tusp (R. Maria Antonia, 294, tel. 3255-7182). Dois livros também estão previstos para serem lançados, em breve, pela editora Cosac Naify. Ensaios do Latão: Peças e Roteiros contém textos dos espetáculos autorais da companhia, como O Nome do Sujeito, Visões Siamesas; e Ensaio para Danton, e Introdução ao Teatro Dialético: Experimentos da Companhia do Latão traz a teoria amadurecida pelo Latão ao longo desses dez anos. Ainda este ano, o grupo pretende lançar mais uma obra, Entrevistas da Vintém e Outras Conversas, feitas pelo diretor do Latão, Sérgio de Carvalho, entre 1993 e 1996, quando trabalhou como repórter no Estado. Enquanto os três livros não são publicados, o público pode visualizar os bonecos no Estúdio do Latão, nome da nova sede. Em meados do próximo mês, o Latão também lança um novo CD, Canções de Cena II, com a trilha sonora das peças mais recentes do grupo, entre as quais O Mercado do Gozo, Visões Siamesas e Equívocos Colecionados. "O primeiro CD, que traz os temas musicais de O Nome do Sujeito, Ensaio para Danton, A Comédia do Trabalho, Auto dos Bons Tratos, Os Dias da Comuna e algumas d?O Mercado do Gozo, estará à venda no Estúdio do Latão", avisa Carvalho. No dia 15, às 20 horas, os músicos que usualmente acompanham a Cia. do Latão na execução ao vivo das trilhas dos espetáculos, além de outros convidados, farão um show de lançamento do novo álbum, Canções de Cena II. "Desde o início, o Latão assumiu essa frente teórica calcada no teatro e na música. Com o tempo surgiram outras frentes, como a linguagem audiovisual e o laço com grupos sociais, que agora só tendem a se fortalecer com a sede", diz o diretor. A companhia vinha realizando seus ensaios e discussões em um espaço cedido pelo Instituto Goethe. O aluguel da nova sede na Vila Madalena só foi possível graças à verba restante com que foram contemplados, há um ano e meio, pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e ao patrocínio que receberam recentemente do Programa Petrobrás Cultural. "Vamos conseguir arcar com as despesas do estúdio pelos próximos dois anos." Em setembro, o Latão participa, pela primeira vez, do Festival de Teatro de Havana, em Cuba.

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