Lamorisse, a volta do poeta da infância

O Cavalo Branco e O Balão Vermelho marcaram época nos anos 50

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Foi o sucesso de A Viagem do Balão Vermelho, de Hou Hsiao-hsien, em Cannes, no ano passado, que reavivou o interesse pelo original de Albert Lamorisse, de 1956. O Balão Vermelho é um poema de meia-metragem que a distribuidora Pandora resgata agora num programa duplo complementado por outro trabalho do diretor. O Cavalo Branco (Crin Blanc) é de 1953. São dois clássicos do cinema sobre, não necessariamente para, a infância. O grande desafio é saber se a sensibilidade poética de Lamorisse, seu gosto pelos belos planos e pelos grandes sentimentos terão resistido às mudanças de ritmo operadas no cinema atual. Lamorisse foi o inventor do chamado documentário poético. No centro desses dois filmes, ele colocou um menino - interpretado por seu filho, Pascal. Em O Cavalo Branco, o menino liga-se numa relação de amizade ao cavalo do título. O original - Crin Blanc - refere-se às crinas brancas, pêlos do pescoço e da cauda, que ondulam ao vento, na corrida que descortina para o garoto o sentimento da liberdade. Em O Balão Vermelho, o menino está em Paris, mais exatamente nas ruas de Montmartre. É seguido pelo balão do título, que o acompanha como bicho doméstico. Quando os outros garotos destróem o balão, há uma revolta dos demais balões de Paris. Albert Lamorisse ganhou muitos prêmios nos anos 40 e 50, mas sua poética não encantava François Truffaut, que estreou com um longa sobre um menino carente, cujo título brasileiro, Os Incompreendidos, é perfeito para definir os pequenos heróis dos filmes que reestréiam hoje. Lamorisse morreu num acidente de helicóptero, em 1970, no Irã, quando buscava locações para um novo filme. Serviço O Balão Vermelho (Le Baloon Rouge, França/1956, 38 min.); O Cavalo Branco (Crin Blanc, França/1953, 40 min.) - Aventura. Dir. Albert Lamorisse. Livre. Cotação: Excelente

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