Kraftwerk já pede por ''choque moderno''

Banda alemã repete fórmula de 1998 e plateia não se empolga na jornada

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Por Jotabê Medeiros
Atualização:

O show dos veteranos alemães do Kraftwerk foi praticamente igual ao do último TIM Festival, em 2004 - o que significa que mesmo um clássico, às vezes, precisa se arriscar em novas direções. E a reafirmação da mensagem antidesumanizante do Kraftwerk já não causa mais o mesmo impacto de 1998, quando se apresentaram aqui pela primeira vez. Mas o fato é que o Kraftwerk ainda é relevante - o local do show é que pareceu meio inadequado para eles. A roupinha do tipo Tron, o computador pré-histórico no telão, a pulverização de imagens de abstração geométrica, tudo é igual. O grupo abriu seu show com Man Machine, libelo digno de George Orwell e Philip K. Dick, mas o público não entrou no clima. O Kraftwerk até fez uma pequena reverência à plateia que os recebe sempre com tanta deferência, a brasileira, ao incluir uma versão em português de alguns versos da música Les Mannequins. "Nós somos os manequins/Nós entramos no clube/e começamos a dançar." Na verdade, a audiência só dançou mesmo nas canções mais híbridas do grupo, que já aceitam uma batida eletrônica familiar aos fãs com menos de 30 anos - caso de Autobahn, We Are the Robots e Radio Activity. De qualquer modo, é sempre eficiente o discurso sarcástico do grupo, que satiriza o modelo humano difundido globalmente pelo american way of life, a mecanização das relações humanas e o consumo desenfreado. Houve algum desleixo na apresentação - por exemplo: no final, quando os quatro músicos são substituídos por "robôs", durante a música We Are the Robots, a produção nem se preocupou em apagar as luzes, revelando a brincadeira antes que ela se consumasse.

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