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Kiss reergue lona do circo do rock

Apresentação da banda hoje para 30 mil pessoas, na Arena Anhembi, mobiliza uma invasão de mascarados em São Paulo

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Dez anos depois de sua última passagem pelo País, o grupo norte-americano Kiss toca hoje para um público estimado em 30 mil pessoas no Anhembi, às 21h30. Malgrados o cenário, os fogos cuspidos, os efeitos, as máscaras, as armaduras, a língua, o vômito sangrento de Simmons, os sapatos de salto plataforma e os trejeitos, há rock?n?roll do melhor por baixo daquela mise-en-scène do grupo. A banda, que chegou a São Paulo proveniente da Argentina, onde tocou para 54 mil pessoas no Estádio do River Plate no domingo, está comemorando 35 anos de criação do grupo. Da formação original, restam o baixista Gene Simmons, de 59 anos, e o guitarrista Paul Stanley, de 57 anos. Nesta turnê, Eric Singer (baterista) e Tommy Thayer (guitarrista) substituem Ace Frehley e Peter Criss, dois integrantes do núcleo original que estiveram no Brasil em 1999 e estão fora do grupo. "Quase todas as grandes bandas têm formações diferentes de quando começaram. Uma banda é como um time de futebol, não é só um jogador. Quando ganha, todos ganham. Quando o time perde, todos perdem. Nós agora temos a responsabilidade de dar à banda a pegada de sempre, manter o espírito rock?n?roll", disse Gene Simmons ao Estado. O show tem a seguinte estrutura: ao som dos acordes de Won?t Get Fooled Again, do grupo britânico The Who, o mestre de cerimônias anuncia: "Vocês procuram o melhor, vocês terão o melhor: a mais quente banda do mundo... Kiss!" Então, ao som de Deuce, entram em cena os quatro cavaleiros do após-calypso, Paul Stanley, Gene Simmons, Eric Singer e Tommy Thayer. O repertório é baseado nos discos clássicos Kiss Alive I e II, e empilha os hits de hard rock do grupo, como Strutter, Hotter than Hell, She, 100.000 Years, Black Diamond, Rock and Roll All Nite, Love Gun, I Love It Loud, Parasite e Detroit Rock City. O público canta a plenos pulmões o refrão de I Was Made for Lovin? You. O Kiss é uma das raras bandas remanescentes do glam rock dos anos 70 (surgiu em 1973) e já vendeu mais de 85 milhões de discos (só perde para os Beatles em quantidade de discos de ouro e platina). Sua longevidade e sucesso comercial se traduzem também em fidelidade canina dos seguidores. No Brasil, o fã-clube Kiss Army Brasil reúne centenas de fãs, gente que tem desde 9 anos a mais de 50 anos. Também é aqui que atua uma das mais antigas bandas cover do Kiss, o grupo Destroyer, fundado há 25 anos. No domingo, o grupo ganhou o concurso de banda covers do Domingão do Faustão, na TV Globo, superando 24 concorrentes em quatro eliminatórias. Antonio "Tutu" Castilho é o Gene Simmons brasileiro e diz que é preciso, em primeiro lugar, ter "cara de pau" para viver como um clone de seu grupo preferido. Músico profissional, Tutu Simmons faz shows todos os fins de semana, há 25 anos, vestindo um armadura de 30 quilos, pintado e tocando contrabaixo (acompanhado de Fábio Stanley, Rodrigo Frehley e Leo Criss). A única coisa na qual ele não tenta se igualar é no tamanho da língua de Simmons. Não usa nenhum artifício para fingir que tem uma linguona, porque não há como competir, avalia. O tamanho da língua de Gene Simmons é estimado em 7 polegadas (17 centímetros). "Ele é bem mais rico, bem mais alto, bem mais linguarudo e comeu muito mais mulheres. No resto, a gente é bem parecido", brinca Tutu. Ele diz que o que se ganha como músico cover dá para viver. "Poderia ser melhor, mas a gente faz o possível. É o preço que se paga para fazer aquilo que a gente gosta." O Kiss de verdade também não pensa em parar: Simmons revelou que a banda já está em processo de gravação de um novo disco. "Sim, vamos lançar um álbum com 12 ou 15 canções inéditas. Já gravamos vocais e guitarras para quatro delas. Devemos concluir o álbum em julho e lançá-lo em setembro. Eu posso definir o som da seguinte forma: é um disco "rock?n?rollover", com uma sonoridade mid-seventies, veloz, pesado. Não haverá nenhum rap, nenhuma música country. É difícil definir música, mas se você mantiver sua mente ligada nessa definição, vai saber muito bem do que se trata. É o som clássico do Kiss", afirmou. No Anhembi, quem faz o show de abertura esta noite é o grupo brasileiro Dr. Sin. Serviço Kiss. 14 anos. Arena Anhembi (38 mil lugs.). Avenida Olavo Fontoura, 1.209, Santana, 2846-6000. Hoje, 21h30 - abertura dos portões às 18 horas. R$ 170/R$ 350

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