Julie Andrews revela segredo guardado durante 58 anos

Em A Memoir of My Early Years, ela conta ser fruto de adultério da mãe e que sempre considerou o padrasto como seu pai

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Por Richard Brooks e The Sunday Times
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Julie Andrews, a síntese da formalidade britânica, revela no seu livro de memórias, Home: A Memoir of My Early Years, que é fruto de um breve caso amoroso da sua mãe que, na época, era casada com outro homem. A atriz, famosa pela sua imagem doce em filmes como Mary Poppins e A Noviça Rebelde, conta que foi concebida durante um relacionamento apaixonado que sua mãe teve com ''um homem às margens de um belo lago nas proximidades de Walton-on-Thames''. Na época do romance, sua mãe, Barbara, que era pianista, levava uma vida externamente respeitável em Surrey, como esposa de um professor de marcenaria, Ted Wells. Mais tarde, ela confidenciou à filha: ''Naquela época, papai e eu não estávamos muito românticos.'' Assim, Barbara procurou um escoadouro para sua paixão em outro lugar. Julie Andrews, agora com 72 anos, manteve isso em segredo durante 58 anos. No livro, fala sobre o dia em que soube da verdade. A cantora, atriz e autora de vários livros infantis recordou que ainda era pequena quando sua mãe se divorciou de Wells e casou-se com um artista de teatro de variedades canadense, Ted Andrews. Mas a jovem Julie Andrews continuou a amar Wells como seu pai. No outono de 1949, quando já era uma jovem sensação como cantora, a mãe pediu que ela se apresentasse na casa de um amigo. ''Ele era alto e bonito e eu o reconheci como o homem que freqüentemente vinha visitar-nos. Naquela noite, o homem aproximou-se e sentou-se no sofá ao meu lado. Lembro-me de ter sentido uma eletricidade entre nós que não consegui explicar.'' Quando voltavam para casa, a mãe perguntou-lhe se ela tinha gostado dele. Julie respondeu que ''ele parecia agradável''. Então, a mãe soltou a bomba: ''Aquele homem é o seu pai.'' Julie conta como seu cérebro ''fechou-se numa atitude defensiva'', enquanto ela tentava lutar com o pensamento de que ''papai'' não era o seu pai. A mãe explicou que não quis magoá-la, mas que o romance foi resultado de uma atração irresistível. Andrews poucas vezes falou com a mãe sobre essa revelação. ''De alguma forma'', escreve ela, ''consegui empurrar a notícia para um canto escuro da minha mente.'' E afirma na sua biografia que Wells continuou sendo o homem que ela amava como pai, mesmo que não o fosse verdadeiramente. ''Isso não alterou o fato de que o homem que me criou era o homem que eu realmente amava. Sempre o considerarei como meu pai'', escreveu ela. Julie tem ''lembranças maravilhosas'' de Ted Wells, que gostava de idiomas, gramática e poesia. ''Ele decorou poemas durante a sua vida inteira, explicando que podia voltar a eles sempre que quisesse.'' Quando foi entrevistada para uma revista americana, em 2004, Julie falou sobre ele sem dar nenhuma pista de que não era seu verdadeiro pai. ''Foi ele quem despertou em mim a verdadeira noção de realidade da vida. Foi também meu pai que me levou para caminhadas ao ar livre, para nadar e para a praia. Ele costumava escalar as colinas locais, e me deu o amor pelos livros. Costumava comprar livros para mim.'' Depois do divórcio dos pai, ela passou a vê-lo ''ocasionalmente, em visitas de duas semanas nas férias de verão ou no Natal''. ''Ou ele vinha visitar-me num fim de semana e nós andávamos de bicicleta.'' Ted Wells casou-se com uma ex-cabeleireira e estabeleceu-se em Hinchley Wood, em Surrey. Nas suas memórias, Julie disse: ''Eu o amei com toda a força do meu ser.'' Emocionada, ela revelou que, após a morte da mãe, uma tia lhe contou que Ted sabia o tempo todo que ela não era sua filha. ''E isso simplesmente me deixou pasma.'' TRADUÇÃO DE MARIA DE LOURDES BOTELHO

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