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Josh Rouse traz seu folk setentista

Cantor americano faz concerto único na cidade em sua primeira vinda ao País

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

De modo sereno, como a música de estilo folk que cria, Josh Rouse, pacato cidadão americano do interior, desembarca para show único na cidade hoje. Amanhã, ele se apresenta no Mada Festival, em Natal. Em seguida, volta para a Espanha, de onde falou ao Estado, cheio de simpatia. Ouça Winter in the Hamptons Nascido na pequena cidade de Paxton, Estado de Nebraska, Rouse vive hoje entre o Brooklyn de Nova York e a litorânea Valência. Diz que se mudou para lá, há quatro anos, porque queria aprender a língua e principalmente por causa das "mulheres bonitas". Tanto é que se casou com uma delas, Paz Suey, com quem gravou o EP She?s Spanish, I?m American em 2007. "Apesar de não ter lançado nada ainda, eu já tenho escrito algumas canções em espanhol", diz. O que não quer dizer que deva incorporar a sua música a cadência do flamenco. A cultura espanhola, de forte influência árabe, na região onde mora, não o entusiasma. "É um tanto quanto dramática para mim. Gosto mais de coisas brasileiras. Aqui temos uma boa qualidade de vida. Gosto de ficar perto do mar. A música daqui não me inspira muito, mas tenho mais tempo aqui do que na América para pensar na minha música e compor. Minha inspiração vem dos filmes que vejo, dos livros que leio, ou da minha própria imaginação", diz. Rouse teve apenas um álbum lançado aqui, Home (2000), pela Trama, que já está fora de catálogo. Nos shows brasileiros, ele toca guitarra e violão, acompanhado de James Haggerty (baixo), Mike Cruz (teclados) e Marc Pisapia (bateria). O roteiro inclui canções de seus quatro últimos álbuns, com ênfase no mais recente, Country Mouse, City House (2007) - do qual se destaca Directions, que está no roteiro, ao lado de Hollywood Bass Player e God, Please Let me Go Back -, e hits mais antigos, como Winter in the Hamptons, de Nashville (2005), que lembra um pouco The Smiths. Em faixas como Snowy - de Country Mouse, que como Subtítulo (2006) foi gravado na Espanha -, sua voz remete à de Paul Simon. Ele admite certas semelhanças e influências. "Às vezes as pessoas me dizem que pareço Paul Simon, mas não me incomodo, porque gosto dele. Também sou fã dos Smiths e me lembro que quando fiz aquela canção (Winter in the Hamptons), nós estávamos nos referindo aos Smiths. Quer dizer, meu guitarrista começou a tocar aquela linha e soou como Johnny Marr e nós só dissemos ok", lembra. Há quem diga que a música de Josh Rouse é como a de João Gilberto - que ele admira e foi ver em Nova York em junho -, ou seja, é sofisticada, agradável e cheia de texturas delicadas, mas sem empolgar. João não é o único brasileiro que Rouse admira. "Ouço um monte de música brasileira. Tenho ouvido Vinicius de Moraes, gosto de Jorge Ben, claro, Caetano Veloso, Novos Baianos e outras bandas dos anos 70. Gosto também de bandas novas, de Kassin, Seu Jorge." Rouse parece ser daqueles criadores compulsivos. Daqui a dois meses ele lança um The Best of..., marcando dez anos de carreira. Nesse tempo, lançou sete álbuns, um DVD, vários EPs, incluindo um com Kurt Wagner, do Lambchop, e três da série Bedroom Classics, em edições limitadas para fãs. O primeiro está esgotado e virou raridade, o terceiro não ganhou forma física, teve lançamento exclusivo em MP3 no site MySpace. Ele também teve canções incluídas nas trilhas dos filmes Vanilla Sky, Quase Famosos e da série House. Um de seus bons covers é A Well Respect Man, dos Kinks, registrado no CD bônus do DVD Smooth Sounds of Josh Rouse. Entre seus heróis americanos na música estão Bob Dylan, Tom Waits e o canadense Neil Young. As influências deles em suas canções são notáveis, na construção de belas melodias, algumas bem melancólicas, nas letras bem escritas, no equilíbrio de elementos do rock, do country e do folk. A voz de Rouse, no entanto, é bem mais suave e palatável que a de seus ídolos. Além deles, Rouse diz que admira "um monte de gente", incluindo muitos amigos de sua idade (ele tem 36 anos). "Há uma banda de Chicago chamada The Sea and the Cake, que é muito boa. Eles têm alguma coisa meio brasileira, mas são americanos. M. Ward também é muito bom. Gosto muito de música dos anos 70 e 60." Um de seus bons álbuns, aliás, 1972 (ano em que nasceu), é calcado na sonoridade dos anos 70. Os demais têm sutis variantes sonoras e são todos no mínimo bons. O material que vem compondo "terá mais influência de música afro-brasileira, com muita percussão", adianta. "E eu canto em espanhol, então, acho que vai ser uma mistura interessante", diz."Espero que as pessoas, aí em São Paulo, gostem do concerto, porque quero voltar." Serviço Josh Rouse. Teatro do Sesc Vila Mariana (608 lug.). Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000. Hoje (15), 21 h. R$ 20

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