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Jason Mraz, apenas um chapeuzinho e um violão

Hit pop do verão, cantor é indicado para 3 Grammys e fala ao Estado sobre carreira

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Bilhões de cliques no YouTube para ver e ouvir o clipe da música I?m Yours, uma balada meio folk, meio Jack Johnson, suave e despretensiosa. E eis que a canção veio parar até na trilha sonora novela das oito, A Favorita. Nada mal para o garoto Jason Mraz, que saiu há uns cinco anos da pequena Mechanicsville, Virginia, para ganhar o mundo e as paradas - na semana passada, foi indicado a três prêmios Grammy, espantoso feito para o interiorano que há pouco tempo animava as tardes em cafés e bares de San Diego e só queria tocar suas musiquinhas entre amigos. "Eu amo fazer música. Sempre tive empregos normais, mas continuava fazendo música, porque é o que gosto. Nunca tive essa visão de um dia ganhar o mundo. Mas é claro que estou adorando, posso encontrar gente que nunca teria a oportunidade de conhecer, viajar. Ainda sou o mesmo cara de Mechanicsville, não mudei nada", disse Mraz, falando ao Estado por telefone há uns 10 dias, antes mesmo de saber que iria concorrer de novo ao Grammy (já tinha sido indicado pelo disco Mr. A-Z). Jason Mraz fez uma turnê mundial que passou por Jacarta (Indonésia), Kuala Lumpur (Malásia), Hong Kong (China), entre outros lugares distantes, além de toda a Europa. E, agora, o disco de Mraz, We Sing, We Dance, We Steal Things, com sua arte de capa naïf, ele retratado em desenho infantil com o chapeuzinho que é marca registrada, virou um novo hit pop de tocar no rádio. Um dueto com a cantora Colbie Caillat em Lucky e uma mãozinha do produtor Martin Terefe, famoso pelo trabalho com o Coldplay, ajudaram a cimentar ainda mais a calçada da fama para Mraz (teve até uma ajuda de outro Midas pop, Sasha Starbek, responsável pela música mais detestada dos verões passados, You?re Beautiful, de James Blunt). As composições são muito simples, com alguns toques de hip-hop, folk, surf music, e tratam de temas pessoais, em sua maioria, como é o caso de Love for a Child, na qual Mraz fala do divórcio dos pais. Ele conta que temeu magoá-los ao abordar tema tão íntimo da família, mas tentou fazê-lo de uma forma delicada, sem tecer considerações morais. Ligadíssimo em internet, Mraz mantém um blog sempre atualizado (com posts batizados com nomes como "Querido Computador") e é tremendamente otimista quanto ao papel da rede na nova ordem cultural. "A internet diz respeito ao acesso instantâneo à informação. Claro que tem muita gente capitalizando isso, fazendo muito dinheiro com a música. Mas minha visão é que a música é invisível, é livre, não se pode encaixotá-la. A internet tem esse mérito grande de trazer países um ao encontro do outro, de aproximar. Estamos vivendo o fim da era materialista e, graças à internet, estamos socializando as coisas da cultura", ponderou Mraz. O cantor e compositor também falou brevemente sobre o que acha de músicos munidos apenas de um violãozinho, fazendo música em clima de luau, estarem dominando o mundo - como são os casos de Conor Oberst, Jack Johnson, Donavon Frankenreiter, Devendra Banhart e ele mesmo, Mraz. "Parece que as pessoas estão se interessando de novo por uma música que não esteja soterrada por excessos de produção, uma música que se sustenta pela sua própria melodia e pela sua mensagem. Mas eu vejo que há espaço para todo tipo de música, não é uma supremacia disso ou daquilo", ponderou. Mraz disse que há uma tentativa de agendar uma série de shows dele no Brasil, mas que não tem ainda uma notícia boa para seus fãs brasileiros. "Adoraria ir. O Brasil é sempre muito falado em todo o lugar, é uma terra que todo mundo sonha conhecer".

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