Investigando a palavra no cinema ensaístico de Masagão

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

No rateio de prêmios que caracterizou o Festival de Gramado, o júri esqueceu-se de apenas um filme, e foi uma injustiça - Otávio e as Letras é um dos trabalhos mais instigantes de Marcelo Masagão, autor difícil de classificar. Masagão faz cinema de investigação. Poderia ser um documentarista, mas tudo o que investiga sobre as pessoas ele reconstitui com atores. Seu cinema seria ensaístico, mais do que ficcional. Otávio nasceu da intenção declarada do diretor de discutir a palavra no mundo contemporâneo. Mas esta não é uma preocupação de Masagão somente neste filme. Ela também permeia 1,99 - Um Supermercado Que Vende Palavras, hoje às 12 h, no Canal Brasil. 1,99 é um filme sui generis mesmo vindo de um autor tão difícil de classificar. A rigor, não conta uma história - nenhuma história. Passa-se nesse supermercado perfeitamente asséptico, que não vende bens tradicionais de consumo. Em suas prateleiras se encontram caixas brancas encimadas por palavras. As pessoas compram palavras, e elas carregam conceitos, idéias, aspirações. Filmado em suntuosos movimentos de câmera e embalado na música de Wim Wertens, 1,99 é o tipo de filme que o espectador precisa construir no próprio imaginário. Pode significar tudo, ou nada. Vai depender de você.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.