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Inversão investiga as disparidades sociais

Longa de Edu Felistoque teve pré-estreia na 3.ª mostra Brafft, que se encerra hoje

Por Elaine Guerini e TORONTO
Atualização:

Antes mesmo de ouvir que seu Inversão lembra o filme alemão-austríaco Os Educadores (2004), o diretor Edu Felistoque esclarece: "Quando assisti ao título de Hans Weingartner, o meu roteiro já estava pronto." Embora sigam por caminhos diferentes, as duas produções recorrem ao sequestro de um empresário para discutir a culpa das classes mais abastadas na disparidade social. "A semelhança entre os filmes é um reflexo do que acontece no mundo", disse Felistoque no Canadá, onde Inversão teve pré-estreia anteontem durante a terceira edição do Brafft - Festival de Cinema Brasileiro em Toronto, no Canadá, que começou na sexta-feira e termina hoje.Com lançamento no Brasil previsto para 2010, o drama foi inspirado em vários casos policiais envolvendo a classe média. "Sempre me incomodou o fato de o crime de periferia chamar mais atenção, sendo que a camada mais rica muitas vezes é tão violenta quanto a baixa." Foi por isso que o cineasta e roteirista decidiu ambientar a sua trama em 12 de maio de 2006, quando a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) iniciou uma onda de ataques contra policiais em São Paulo. Enquanto a mídia só tem olhos para a violência nas ruas e nos presídios, um grupo de criminosos bem vestidos, liderado por mulher ambiciosa (Giselle Itiê), sequestra um empresário (Tadeu di Pietro). E o caso vai parar nas mãos de delegada recém-formada (Marisol Ribeiro), na falta de comissários mais experientes, ocupados demais com as ações do PCC."Mesmo quem não tem motivos para cair no crime, cai. É preciso desconfiar ainda mais de quem usa terno e gravata, já que está tudo invertido", contou Felistoque, mais conhecido pelo documentário Musicagem (2005), realizado em parceria com Nereu Cerdeira. Ele levou tão a sério o conceito de inversão que optou por "imagem espelhada", projetando-a do lado contrário na tela. É por isso que todo o elenco dá a impressão de ser canhoto, os motoristas dirigem do lado "errado"'' (como os ingleses) e as letras dos cartazes estão de trás para frente. "É para causar estranheza."

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