PUBLICIDADE

Índia do Projac pulsa em cores

Um dia de produção e festa na cidade cenográfica da novela das 9, da Globo

Por Patricia Villalba e RIO
Atualização:

Era pouco mais de meio-dia da última quinta-feira quando a graciosa Anusha (Karina Ferrari) surgiu liderando um grupo de bailarinos pela rua principal da cidade cenográfica da novela Caminho das Índias, no Projac, a central de produção da TV Globo em Jacarepaguá. Elenco e figurantes estavam escalados desde às 8 horas, para gravar a série de cenas do casamento dos protagonistas Maya (Juliana Paes) e Raj (Rodrigo Lombardi) sob a direção de Fred Mayrink. É um momento esperado da trama de Glória Perez, que foi acompanhado pelo Estado. "Alegria, gente, que isso aqui não é enterro. Vamos lá, que até essa banda está parecendo que saiu de uma funerária", gritava um dos produtores, no meio-fio de uma das calçadas fictícias. "Se música parar, continuem dançando!", avisa ele. O local onde se desenvolve a trama principal e ''moram" as famílias de Maya e Raj é hoje a maior cidade cenográfica do Projac, com uma área de 6 mil metros quadrados. O diretor de arte Mário Monteiro esteve na equipe da novela que viajou para a Índia em outubro do ano passado para colher os elementos que hoje reproduzem o clima de Jaipur. Além das casas das quatro principais famílias do núcleo indiano, foram construídas 42 lojas e um templo para o deus Shiva. Há ainda a fachada de um charmoso cinema e barraquinhas de comércio de calçada - de chá a dentista. Uma vaca anônima circula por ali, já que Emília, a que sempre aparece contracenando com Tony Ramos, está de folga. Além de Jaipur, foram construídas duas cidades: numa área de 2,5 mil metros quadrados, está uma das escadarias do Rio Ganges, ao lado de um lago artificial que já existia; e, em 3 mil metros quadrados, foram recriadas as ruas da Lapa. Casamento é o tipo de festividade que dura vários dias na Índia - em Caminho são quatro. As cenas vão ao ar nesta sexta-feira. "Em geral, os casamentos duram três dias, tanto para ricos quanto para pobres. Aqui, a noiva será levada para casa no quarto dia da festa. Então, ela será testada pela sogra, para provar que sabe fazer trabalhos domésticos", explica a indiana Mallika Rajagopal, consultora em "assuntos indianos". Até mesmo os figurantes foram treinados por ela, num curso de três dias. Segundo a tradição, o noivo, acompanhado de sua família, sai num alegre cortejo pelas ruas, para buscar a noiva em casa. No pacote, tem balé, dança, muita seda e muito ouro. O desfile de trajes preparado pela figurinista da novela, Emília Duncan, é de parar o trânsito dos 12 riquixás - os táxis-bicicletas indianos - que circulam pelas quatro ruas da cidade cenográfica. Logo atrás da Anusha e seu corpo de baile, vem o ator Rodrigo Lombardi, como um príncipe, montado num cavalo branco. O calor no set é insuportável, a roupa que ele usa é pesada. E, ainda bem, o ator não precisa fazer cara alegre, já que seu personagem se casa obrigado. "Eles são dois desiludidos que, agora numa nova fase na trama, se encontram", observa. A novela é frequentemente apontada como uma reunião dos grandes clichês indianos. Mas não deixa de ser uma ousadia divertida e oportuna, em tempos do grande vencedor do Oscar Quem Quer Ser Um Milionário? Mallika tem uma explicação sobre esse interesse mundial pela Índia. "É um país que prega a alegria e a paz, a vida deve ser vivida como um festival. É daí que vem a moda."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.