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Imagens feitas por German Lorca sobre Nova York compõem mostra

Material foi feito pelo brasileiro nos anos de 1967, 1978 e 1982

Por Simonetta Persichetti
Atualização:

Aos 93 anos, German Lorca não para. Ele agora decidiu deixar de ser moderno para apresentar seu lado pop. E é isso que a exposição A Quinta Bandeira – German Lorca vê Nova York, na Galeria Fass, apresenta, a partir deste sábado, 16. Imagens que ele realizou em três idas à cidade: 1967, 1978 e 1982. Um olhar que abandona a estética modernista, pela qual ele ficou conhecido ao participar do Foto Cine Clube Bandeirante, e se aproxima de uma linguagem mais pop. “Na verdade, fui sete vezes para Nova York, mas a primeira vez foi fundamental”, diz Lorca, em entrevista por telefone. “Fiquei louco, tonto, por onde andava, eu via uma fotografia. Quis então fotografar a efervescência da cidade.”

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O título da mostra é inspirado em uma imagem realizada na Quinta Avenida, na qual Lorca, a partir de um primeiro negativo, incorpora outros elementos da arquitetura da cidade dramatizando o jogo de luz e sobras. Uma construção narrativa da cidade que o fascina.

Em suas imagens, a vontade de registrar o que para ele significava a cidade e o povo americano: “cada vez é uma coisa nova, um novo olhar. É sempre tudo fascinante”.

E deste seu trabalho os curadores Diógenes Moura e Pablo de Giulio tiraram 20 fotografias mais um painel Janelas e Reflexos, criado nos anos 1980. Formado por 28 fotografias que foram pesquisas e editadas nos anos que se seguiram às viagens. Uma obra única que foi destaque de uma mostra no MASP, em São Paulo, realizada em 1993, com curadoria de Rubens Fernandes Junior. Na época, o diretor do MASP, Fernando Magalhães, disse: “já explica o percurso de seu olhar procurando captar a vibração de Manhattan”.

O resultado não são fotografias puras, mas montagens e colagens que sobrepõem índices e símbolos de uma cidade que se colocou sempre à frente nas linguagens imagéticas. “Estas fotografias saem um pouco do que estamos acostumados a ver no trabalho de Lorca”, afirma o curador Pablo de Giulio. “Elas são mais jornalísticas e, para mim, refletem elementos da cultura pop.”

São imagens que foram trabalhadas no laboratório: colagens, sobreposições, visões que se complementam. Um trabalho frenético que percebe já nos anos que antecedem nossa contemporaneidade a necessidade de uma multiplicidade de visões. “Sem preocupar-se com discursos ao redor das suas fotografias, Lorca, o mais instintivo dos fotógrafo modernos, mais uma vez nos surpreende. Se, nas décadas de 1940 e 1950, reverberava o modernismo tardio na fotografia brasileira, nas décadas que se seguem sintoniza aberta e livremente o espírito da época”, analisa Pablo de Giulio

Uma busca narrativa que não se satisfaz mais com volumes e sombras modernistas, mas que necessita de um caleidoscópio imagético para dar conta de sua vontade narrativa. Prédios inexistentes que se fazem reais pelas manipulações de Lorca, skylines, a presença da Coca-Cola que se confunde com a cidade. “Todas as imagens são de época”comenta o curador. “Muitas fotos foram feitas com filme colorido, mas o German Lorca quis apresentá-las em preto e branco. Ele trabalhou todas as imagens para conseguir passar a ideia que ele queria”, completa o curador. São 20 as imagens originais que compõem a mostra, mas Lorca não se dá por satisfeito: “ainda tenho muito para mostrar e, neste ano, ainda pretendo voltar para Nova York”. Sem dúvida, German Lorca é pop! A QUINTA BANDEIRA - GERMAN LORCA VÊ NOVA YORK FASS. Rua Rodésia, 26, Tel.: 3037-7349. 3ª à 6ª, 11h/19h; sábado, 11h/17h. Entrada franca. Até 20/9

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