Grupo Ventoforte celebra 35 anos

Festa tem início hoje com apresentação de O Mistério do Fundo do Pote, editada pela SM em livro indicado para o Prêmio Jabuti

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Por Beth Néspoli
Atualização:

Ler peças teatrais - aí está uma prática bem rara nas escolas e mesmo universidades brasileiras. Mais rara ainda é a publicação da Editora SM, O Mistério do Fundo do Pote, uma peça de Ilo Krugli, voltada para o público infantil, editada num livro caprichado, com ilustrações de Gonzaço Cárcamo. Um dos finalistas do ano passado do Prêmio Jabuti na categoria juvenil, o volume traz ainda um texto complementar, Pensando a Cena, escrito por outra mestre na arte teatral, Renata Pallotini. Nesse posfácio, Renata conduz o olhar do leitor mirim para esse texto criado para ?vir a ser? cena, estimulando-o a ?imaginar? seu próprio espetáculo. Assim, destrincha rubricas (indicações do autor sobre movimentos ou ambientações ), orienta o leitor que quiser brincar de teatro a ?vestir? ou compor os personagens a partir das sugestões da peça, mas com criatividade pessoal e ainda ensina noções de técnicas, por exemplo, de como criar um simples mas eficiente teatro de sombras com lençol e lanterna. Quem quiser conhecer o texto encenado pode fazer isso hoje, pois o espetáculo O Mistério do Fundo do Pote será apresentado em sessão especial no Sesc Pompeia em montagem criada pelo grupo Ventoforte dirigido por Ilo Krugli. Serão apenas duas sessões, hoje e amanhã, às 20 horas. Na quinta e na sexta, também no Sesc Pompeia, será a vez do grupo apresentar Se o Mundo Fosse Bom o Dono Morava Nele. E no sábado Ilo Krugli vai autografar seu livro, a partir das 18 horas. Os espetáculos e a sessão de autógrafos - que será acompanhada de performance musical do grupo - fazem parte da comemoração dos 35 anos de criação do Ventoforte, criado por Ilo Krugli no Rio, em 1974, autor de textos já considerados clássicos da literatura dramática infantil, entre eles História de Lenços e Ventos e As Quatro Chaves. Krugli conta que escreveu O Mistério do Fundo do Pote há 20 anos, quando a secretária de Cultura era Marilena Chauí, para um projeto especial de formação cultural. "É uma parábola e fala da passagem de um tempo em que existiam mistérios e fartura para um outro tempo, onde passa a existir a fome." Rosa é a protagonista, ela vive na pequena cidade chamada Três Saudades, onde há muitas festas. Por exemplo, uma delas é para celebrar a porta que abre para os amigos e fecha para proteger as pessoas do frio, outra é para agradecer à Terra pelo alimento, outra é a festa de tudo por cima do telhado. "Essa história se dá no tempo em que havia mistérios", diz Ilo Krugli. Pois nessa cidade os grãos eram retirados de potes cuidados por cegos. Havia regras: cada um só podia retirar dos potes o necessário para viver, o pote jamais poderia ficar todo vazio e ninguém podia olhar no fundo deles. "A história nasce de uma velha superstição que minha mãe ensinou", diz Krugli. "Na minha casa, jamais deixo vazios os potes de arroz, feijão e café." Mas em Três Saudades, por conta da cobiça de uma governadora... Bem, vale ler a história.

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