PUBLICIDADE

Grandes certezas... e apostas

Cultura Artística monta temporada que une grupos consagrados e em ascensão

Foto do author João Luiz Sampaio
Por João Luiz Sampaio
Atualização:

Grandes estrelas - e grandes apostas - marcam a temporada anunciada pela Sociedade de Cultura Artística para este ano, que reúne nomes consagrados, como Nelson Freire e Daniel Barenboim, a grupos em ascensão como a Hallé Orchestra e a Sinfônica de Israel, deixando ainda espaço para a volta ao País do compositor polonês Kryztof Penderecki, que rege concerto com obras suas. O ano começa nos dia 5 e 6 de maio com Nelson Freire. São dois programas distintos: o primeiro com as Variações Sérias, de Mendelssohn, a Sonata Op. 110, de Beethoven, e o primeiro caderno dos Prelúdios, de Debussy; o segundo, com a Sonata Op. 2 nº 3, de Beethoven, as Cenas Infantis, de Schumann, Três Prelúdios, de Shostakovich, o Poema, de Scriábin, e a Sonata nº 3, de Chopin. É um bom começo, ainda mais se pensarmos que, no final do mês, é a vez da Staatskapelle Berlin, a orquestra da Ópera Estatal da capital alemã, chegar a São Paulo, com regência de Daniel Barenboim. O maestro fez maravilhas com o conjunto ao longo dos anos - basta ouvir o exemplo mais recente de sua sonoridade, a Sinfonia nº 8 de Mahler gravada com eles por Pierre Boulez, recém-lançada pelo selo Deutsche Grammophon (pequena curiosidade: uma das solistas é a soprano paraense Adriane Queiroz). No ano passado, correu pelas conversas das rodas musicais paulistanas o boato de que Barenboim faria em São Paulo o Tristão e Isolda, de Wagner. Olhos wagnerianos brilharam, mas o maestro e a Cultura Artísticas acabaram mudando de idéia - eles vão fazer por aqui as sinfonias 8 e 9 de Bruckner, acompanhadas de obras de Schoenberg. Trata-se de um compositor importantíssimo, ainda pouco conhecido e, pior, pouco executado por aqui - de forma que, agora, são os olhinhos brucknerianos que brilham... Junho marca a chegada da Vilnius Festival Orchestra, grupo jovem, criado em 2003 na Lituânia. O destaque aqui, no entanto, está no pódio - o compositor polonês Krysztof Penderecki assume a regência na turnê, regendo obras suas - a Sinfonietta para Cordas e a Chacone e Serenata para Cordas -, ao lado de peças de Shostakovich, Tchaikovsky, Dvorák e Mozart. No começo de julho, um concerto histórico - não apenas pela qualidade, que, claro, deve sobrar. É que o Quarteto Alban Berg, após 37 anos de atividades, decidiu se dissolver após a temporada 2008/2009, fazendo das apresentações dos dias 2 e 3 de julho as últimas oportunidades para o público brasileiro de ver o conjunto em ação, ao vivo. No programa, Haydn (Quarteto Op. 77 nº 1), Berg (Quarteto Op. 3) e Beethoven (Quarteto Op. 132). Em agosto, duas orquestras que vêm ganhando espaço no cenário musical de seus países. A primeira é a Sinfônica de Israel (não confundir com a Filarmônica), criada em 1988 pela prefeitura de Rishon le Zion, cidade da área metropolitana de Tel Aviv e que, desde 1990, é também a orquestra da Nova Ópera de Israel; o regente é o jovem Dan Ettinger, que traz consigo a soprano Sylvie Valaire para as Quatro Últimas Canções, de Richard Strauss - o programa tem também a Nona Sinfonia de Beethoven. Na semana seguinte, chega a Filarmônica de Liège - serão duas apresentações dedicadas ao repertório francês, com destaque para o ciclo de canções Les Nuits d''''Été, com a meio-soprano Susan Graham, destaque da nova geração de cantores norte-americanos, e regência de Pascal Rophé. Setembro começa com mais uma promessa, encarnada nos dois concertos da Hallé Orchestra. O mais antigo conjunto britânico, a Hallé sofreu, desde os anos 70, quando deixou de ser comandada por John Barbirolli, com a falta de verbas e má relação entre músicos e direção. Com a chegada de Mark Elder, no fim dos anos 90, o grupo ganhou nova sala e já reivindica seu espaço entre as principais orquestras britânicas - em sua capa da edição de fevereiro, a BBC Music Magazine estampa uma foto do maestro, com os dizeres: ''''O Homem Que Devolveu a Grandeza à Mais Antiga Orquestra Britânica''''. E é ele que rege o grupo em suas duas apresentações em São Paulo, com solos da pianista Polina Leschenko (obras de Strauss, Grieg, Wagner, Verdi, Liszt, Debussy, Shostakovich e Elgar). Ainda em setembro, estarão de volta à cidade o maestro Jordi Savall e o seu conjunto Hespèrion XXI, com dois programas estimulantes - o primeiro mistura música árabe-andaluzas, judias e cristãs da Antiga Hespéria; e o segundo propõe a reconstrução musical do encontro da cultura ibérica com a cultura do Novo Mundo. Em outubro, a atração é o Conjunto de Câmara de Jerusalém, com dois concertos em que se destaca a presença de obras de Paul Hindemith. E, para encerrar o ano, a visita do Kodo, conjunto de percussão que explora as possibilidades sonoras do taiko, o enorme tambor tradicional japonês. O público pode fazer dois tipos de assinaturas - uma com todos os concertos e outra com metade da temporada (que inclui apenas os realizados no teatro da sociedade). No primeiro caso, o valor vai de R$ 700 a R$ 1.500; no segundo, de R$ 260 a R$ 540 - condições incluem o parcelamento em até nove vezes. Mais informações pelo site www.culturaartistica.com.br ou pelos telefones 3256-0223 e 3129-7001.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.