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Galeria do Sesi mostra as coleções dos palácios do governo paulista

Mais de 300 peças das 3.500 do acervo governamental estão na exposição, que tem obras de Aleijadinho, Brecheret e Volpi

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Aberta ao público desde ontem, 13, a exposição Tesouros Paulistas, na Galeria de Arte do Sesi-SP, do Centro Cultural Fiesp, reúne 322 peças do acervo dos palácios do governo estadual que começam a ser disputadas por museus internacionais como o MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York. Algumas estão na mostra paulistana, como as telas da modernista Tarsila do Amaral (1886-1973), que serão emprestadas para a retrospectiva da artista no museu norte-americano, em 2018.

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A curadora de Tesouros Paulistas, Ana Cristina Carvalho, também responsável pelo acervo artístico dos palácios, diz que mostras como do MoMA vão ajudar na divulgação de um acervo que tem não só os modernistas da Semana de 1922. “Como a coleção dos palácios começou a ser formada na primeira sede do governo, no Pátio do Colégio, no século 18, o público poderá acompanhar como esse acervo foi se formando de acordo com o gosto da época”, observa.

Desse modo, a exposição, que traz apenas um décimo dessa coleção (mais de 3.500 peças), tem móveis, louças, tapetes e esculturas – de barrocos como Aleijadinho a modernistas como Brecheret e Bruno Giorgi– , passando por pinturas de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Bonadei e Tomie Ohtake, entre outros.

São José de Botas, de Aleijadinho: uma das peças mais valiosas do acervo Foto: Everton Amaro/Divulgação Fiesp

Tomie e Flexor são os dois únicos pintores abstracionistas da mostra, dividida em três núcleos temáticos: a memória das coleções; as peças como retratos dos costumes e, finalmente, a figura como expressão – o terceiro e maior núcleo, com gravuras, pinturas e esculturas de modernos e contemporâneos.

“Algumas dessas peças nunca saíram dos palácios da Boa Vista e Bandeirantes, cujos acervos existem desde 1964”, conta a curadora. “Elas foram compradas para decoração, não com um olhar museológico, o que faz da exposição no Sesi um veículo capaz de expandir o sentido dessas obras”. A coleção de louçaria histórica, por exemplo, leva o visitante a conhecer o estilo de vida da classe dirigente no começo do século passado, fortemente marcada pela cultura francesa. Ou, no caso particular do palácio dos Campos Elíseos (sede do governo de 1911 a 1965), até pelo gosto barroco, como prova o espelho italiano que domina o primeiro núcleo da mostra.

O gosto dos habitantes dos palácios governamentais sempre foi conservador, com franca inclinação para a pintura figurativa, como reconhece a curadora. “Por vezes é possível identificar certo modismo nessa escolha, como as 66 pinturas cusquenhas compradas entre 1966 e 1971, época em que toda casa de classe média alta tinha uma”. Em contrapartida, o acervo incorporou a produção do pernambucano José Cláudio da Silva, ao bancar uma série de 100 pinturas (na mostra) feitas durante uma expedição à região amazônica, liderada pelo zoólogo e compositor Paulo Vanzolini (1924-2013), o autor de Ronda.TESOUROS PAULISTAS Galeria de Arte do Sesi. Av. Paulista, 1.313, tel. 3146-7439. Todos os dias, 10h/20h (com entrada até 19h40). Grátis. Até 28/2

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