Fortes Vilaça equilibra a novata e os consagrados

Marina Rheingantz faz primeira individual no galpão da galeria, que também exibe mostra de Los Carpinteros; já no prédio principal, estão obras de Gerben Mulder

PUBLICIDADE

Por Camila Molina
Atualização:

Jovem artista, a pintora Marina Rheingantz, de 24 anos, faz sua primeira exposição individual já como parte do time de uma galeria importante, a Fortes Vilaça. No Galpão Fortes Vilaça, na Barra Funda, que se transformou, este ano, no segundo espaço expositivo da galeria - seu endereço principal é na Rua Fradique Coutinho -, Marina exibe na mostra Algum Dia série de oito obras - uma delas é um tríptico formado por três pequenas telas. Com essa exposição da pintora, a galeria aposta em um novo nome, mas, ao mesmo tempo, também, não deixa de exibir contemporâneos com mais estrada: no Galpão Fortes Vilaça está ainda a mostra Sub-Urbano, da prestigiada dupla cubana Los Carpinteros - formada por Marco Castillo e Dagoberto Rodriguez -, e, no prédio da Vila Madalena, a individual do pintor holandês Gerben Mulder. A começar pela jovem Marina Rheingantz, a pintura é para ela o que poderíamos dizer meio inevitável para a realização de sua pesquisa - e, sendo assim, ela integra com outros sete novos pintores (Rodrigo Bivar, Rodolpho Parigi, Bruno Dunley, Ana Elisa Egreja, Renata de Bonis, Marcos Brias e Regina Parra) o grupo 2000e8, criado este ano e que vai fazer mostra a partir do dia 7 no Sesc Pinheiros. Mas vendo agora as obras de Marina separadamente na exposição Algum Dia, seu motivo para criar dentro do tradicional terreno pictórico, diz Marina, é "a busca de um lugar que gostaria de estar". Por isso, em suas obras está a paisagem, que pode ser a que comporta a representação de casas solitárias (lugar diminuto e íntimo) ou a que se estende para se tornar o motivo principal da tela (nesse caso, o que seria a vista aérea de um terreno ou um campo no qual a linha do horizonte divide o limite do solo, do mar e do céu). Nesse caminho pictórico, um campo entre a figuração e a abstração vai se fazendo nas telas de Marina - o jogo da representação de "a paisagem mais distante, a paisagem mais perto", como ela afirma, vai instigando cada vez mais esse exercício. A artista recusa definir sua pintura como apenas do eixo formalista - "a casa me atrai não formalmente, mas pela idéia de lugar" -; sabe que tudo o que está ali "existe na História da Arte"; e que as cores são rebaixadas nas suas telas porque são os tons que, "por enquanto" é o que ela tem - "ainda não consegui usar as cores mais vivas, elas têm mais atrito", afirma (mas há um pouco de amarelo sim). Mas ter todo o pé no chão contribui para a construção de uma pintura já sofisticada e bela. Ao lado de sua mostra está a verve inteligente e criativa de Los Carpinteros. Em aquarelas e duas esculturas criadas recentemente, Castillo e Dagoberto apresentam obras que "têm em comum uma visão doméstica da vida e da cidade". "Nosso trabalho está sempre aproximado ao desenho e à arquitetura", ainda diz Dagoberto. Em Dos Camas, por exemplo, duas camas (tanto em desenho quanto como escultura) se entrelaçam. "Romantizamos o assunto, como uma performance", afirma Dagoberto, "reorganizamos as coisas de uma outra maneira". Há ainda, entre os trabalhos, Alto Parlante Solimar, uma grande estrutura com caixas de som que remete à edifício da arquitetura moderna de Havana. Ao mesmo tempo, Gerben Mulder exibe pinturas figurativas, todas criadas durante o ano e meio que viveu no Rio. Elas dialogam com esculturas em bronze feitas pela primeira vez pelo artista - e, dessa maneira, ele "rompe a barreira na pintura", como diz. Gerben mistura estilos e referências (Picasso, Munch, Matisse, Lautrec); cria narrativas de pontos vibrantes que têm sempre a presença da figura feminina. Serviço Gerben Mulder. Galeria Fortes Vilaça. Rua Fradique Coutinho, 1.500, 3032-7066. 3.ª a 6.ª, 10 h às 19 h (sáb. até 17 h). Até 23/8 Marina Rheingantz e Los Carpinteros. Galpão Fortes Vilaça. R. James Holland, 171, 3392-3942. 3.ª a 6.ª, 10 h às 19 h (sáb. até 17 h). Até 23/8

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.