Festival traz as mais novas inquietações alemãs

Evento que começa hoje no CCBB exibe 18 longas da nova geração, disposta a revelar seu olhar apurado

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Por Ubiratan Brasil
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A mostra Novo Cinema Independente Alemão: Uma Outra Política do Olhar, que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil, revela a nova face de uma cinematografia que já foi original em sua contestação, mas que ultimamente vinha marcada por trabalhos acadêmicos, burocráticos até. Agora, se a angústia continua, ao menos é expressada com menos aspereza e mais leveza e profundidade. Com curadoria de Cristian Borges e Martine Floch, a mostra traz 18 longas produzidos entre 1998 e 2007, além de promover um curso e um ciclo de debates com a participação do cineasta e editor da revista Revolver Christopher Hochhäusler. Assunto para discutir, certamente não vai faltar. Um dos diretores cuja obra estará presente é Christian Petzold, cujo filme Yella levou o prêmio de melhor atriz para Nina Hoss no Festival de Berlim de 2007. A escolha foi contestada na época, mas Nina é, de fato, responsável pelos melhores momentos do filme. Outra obra de Petzold que está na mostra e é mais interessante leva o título de Fantasmas. É a história de uma garota que trabalha como varredora em um parque. Logo, ela conhece outra garota que vive de roubos. E ambas encontram uma mulher amargurada que pensa ser a mãe da protagonista. Ambas terminam por rejeitá-la. Há uma forte inspiração de Bresson na trama, especialmente na incomunicabilidade entre as personagens. A primeira exibição do filme ocorre na sexta-feira. As profundas transformações sofridas pela Alemanha nos últimos 20 anos não cicatrizam com facilidade, como comprovam alguns filmes selecionados. Christopher Hochhäusler, que participa de um debate sobre narrativas dialéticas no dia 26, é autor de Luzes, comovente retrato dos refugiados da antiga União Soviética que sonham com sua inserção no paraíso consumista que é a Alemanha hoje totalmente ocidental. O filme está programado para o sábado. A reunificação alemã e os excluídos, a pujança e a pobreza, são temas que inquietam cineastas como Hochhäusler, responsáveis pelo fortalecimento de uma cinematografia disposta antes de tudo a questionar que a aplaudir. Serviço Novo Cinema Independente Alemão: Uma Outra Política do Olhar. Hoje, 15 h, Saudade (2006), de Valeska Grisebach; 17 h, Férias (2007), de Thomas Arslan; 19h30, Lugares em Cidades (1998), de Angela Schanelec. Amanhã, 15 h, Marselha (2004), de Angela Schanelec; 17 h, Madonas (2007), de Maria Speth; 19h30, Controle de Identidade (2000), de Christian Petzold. CCBB. R. Álvares Penteado, 112, Centro, 3113-3651. R$ 4. Até 1.º/3

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