Feira Art Basel em Miami fala de mudança climática e do racismo nos EUA

Aproximadamente quatro mil artistas estão em exposição neste ano; evento reuniu mais de oitenta mil pessoas na edição de 2018

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Por AFP
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A mudança climática, poluição, racismo e crítica social são algumas das preocupações refletidas nas obras exibidas na Art Basel, a renomada feira internacional que faz de Miami o centro das artes visuais todo mês de dezembro.

"Sustentabilidade e agitação social são questões abordadas pelos artistas na feira deste ano, refletindo os tempos turbulentos em que vivemos", disse à AFP Marc Spiegler, diretor global da Art Basel.

A feira, que reuniu 83.000 pessoas no ano passado, estará aberta de quinta a domingo no Miami Beach Convention Center, centro de convenções em Miami Beach, Flórida.

Visitantes observam a obra de Faith Ringgold, "The Flag is Bleeding #2" (1997), na feira Art Basel. Foto: Leila Macor/ AFP

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Um total de 269 galerias de prestígio dos cinco continentes exibem peças novas e clássicas de 4.000 artistas, desde o mestre do romantismo espanhol Francisco de Goya (1746 a 1828) até um monumento contra o racismo do americano Kehinde Wiley, famoso por seu retrato oficial do ex-presidente Barack Obama.

A escultura de bronze de Wiley mostra um jovem negro vestindo jeans rasgados, tênis Nike e um casaco com capuz, montando um cavalo com a orgulhosa atitude de um herói.

O trabalho é uma cópia em pequena escala de um monumento que será inaugurado na próxima semana em Richmond, Virgínia, em uma avenida onde há cerca de 30 monumentos a heróis confederados que lutaram entre 1861 e 1865 contra a abolição da escravidão.

Wiley, que é afro-americano, "viu essas esculturas e se sentiu muito ofendido por elas e decidiu que queria respondê-las", disse à AFP o galerista Sean Kelly, de Nova York.

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A obra Rumores de Guerra, de 2019, será instalada "em diálogo com essas esculturas", acrescentou. "É um poderoso comentário social sobre o significado dos monumentos confederados no século 21".

Outra imagem de grande impacto a esse respeito é uma bandeira americana sangrando sobre uma mulher negra que protege seus dois filhos dela.

Sua criadora, a americana Faith Ringgold, "observa as relações raciais dos Estados Unidos, que geralmente são muito violentas contra os negros", disse à AFP Katharine Higgs, da galeria londrina Pippy Houldsworth.

Um rosto desconstruído com o capuz da Ku Klux Klan em um fundo vermelho também é marcante. A peça do jovem Wardell Milan, do Tennessee, fala do ressurgimento do movimento supremacista branco nos últimos anos e da Internet como uma máscara por trás da qual os extremistas se escondem.

Homem observa escultura do americano Kehindle Wiley, "Rumores de guerra" Foto: Leila Macor/ AFP

A galeria de Sean Kelly também expõe uma pintura do americano James Casebere, que mostra uma casa inundada em um alerta sobre o aumento do nível do mar, um problema que frequentemente afeta Miami.

"Há desigualdade social há muito tempo, mas o problema ecológico é agora uma questão urgente, porque temos muito pouco tempo para resolvê-lo", afirmou Kelly.

Também chama a atenção a estranha instalação Fresh Pickled Melons, de Max Hooper Schneider, um 'habitat' de resina e plástico que trata do lixo produzido pelo Homem.

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Milhares de artistas, fãs e galeristas aproveitam a ocasião e exibem inúmeras instalações e exposições em Miami e arredores. Por exemplo, 13 esculturas monumentais de Fernando Botero pontilham o passeio Lincoln Road de Miami Beach.

Fundada em 1970, a Art Basel é atualmente a principal feira de arte moderna e contemporânea do mundo, com edições na cidade suíça da Basileia, além de Miami Beach e Hong Kong.

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