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Falcão Negro, um Ridley Scott que merece ser reavaliado

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ridley Scott ficou famoso como criador de mundos, por seus filmes que viajam ao passado e ao futuro para propor personagens em conflito com um mundo invariavelmente em perigo. Alguns se tornaram clássicos, como Alien, O Oitavo Passageiro e Blad Runner, o Caçador de Andróides. Mas não houve recepção tão grande para Falcão Negro em Perigo, que passa no HBO, às 17h30. Por haver se baseado em episódio da intervenção norte-americana na Somália, Scott foi acusado de fazer cinema colonialista e guerreiro. É exatamente o oposto da sua proposta, ele faz uma devastadora anatomia da guerra criticando as estruturas de poder que sacrificam soldados como peões em tabuleiro de xadrez. A cena em que o soldado atingido por uma bomba fica com as víceras à mostra é aflitiva, para dizer-se o mínimo. Mas o grande momento de Falcão Negro talvez seja a cena mais curta do filme, como contraponto à do soldado que explodiu. Um pai somali passa diante do jipe militar conduzindo o cadáver do filho criança. A cena dura poucos segundos, mas seu impacto permanece com o espectador. Scott possui o segredo de construir imagens tão impactantes quanto brilhantes. A guerra de Falcão Negro, com Josh Hartnett, é experiência radical.

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