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Exposição ‘Futuros’ tenta desvendar novos mundos

'Futuros' comemora o 175.º aniversário do Instituto Smithsonian com uma mostra que reúne 150 instalações de cenários futuristas

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:

WASHINGTON - “Alguém viu o futuro?”, perguntou um turista em Washington D.C., quando tentava encontrar a entrada para a mais nova exposição do Instituto Smithsonian, inaugurada no dia 20 de novembro. 

Exposição no Instituto Smithsonian, na capital dos EUA, abriga diversas visões de futuros. Foto: Albert Ting/Smithsonian

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No coração da capital americana, Futuros usa soluções interativas para imaginar como será o mundo daqui para frente. E, se depender da curadoria da mostra, o futuro terá carros voadores, transporte em cápsula, cidades flutuantes em oceanos e uma sociedade menos desigual.

Mas o que os visitantes encontram não é um único desenho de futuro e sim 150 instalações de uma exposição que traz o nome no plural justamente para apresentar muitos cenários possíveis para as próximas décadas. Também para provocar o público a pensar que o mundo que está por vir depende, essencialmente, de decisões individuais e coletivas. 

Futuros marca a comemoração do 175.º aniversário do Instituto Smithsonian, o maior complexo de museus do mundo, e a reabertura do Arts + Industries Building (AIB), o segundo prédio mais antigo da organização, aberto em 1881. 

No centro do National Mall, a esplanada que concentra o Capitólio e cartões-postais da cidade, como o obelisco e o Memorial Lincoln, o prédio estava fechado para o público desde 2004. Segundo o Instituto Smithsonian, a mostra é o pontapé inicial para a retomada do AIB e uma forma de celebrar a história da organização.

O hall de entrada da exposição que se propõe a apresentar o futuro exibe inovações do passado. A maioria dos visitantes, no entanto, passa rapidamente por itens como um telefone experimental de 1876 de Graham Bell, em busca das inovações do presente.

O fim do saguão de entrada desemboca em uma rotunda que dá acesso às três alas da mostra: o futuro que inspira, o que funciona e o que une. A ideia é dividir o espaço em torno de valores e não categorias. No centro de todas elas está uma instalação montada pela artista e arquiteta indiana Suchi Reddy, que indica o que virá nos outros 3 mil m²: obras interativas e provocativas. 

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Algumas obras são interativas e convidam o visitante a imaginar o próprio futuro, no qual assistente virtual ganha voz digital neutra. Foto: Albert Ting/Smithsonian

Os vários futuros

Diante de uma estrutura de seis metros de altura cheia de pontos de luz, os visitantes são convidados a responder em uma palavra como imaginam o futuro. Com inteligência artificial, a obra brilha em cores e padrões diferentes a depender da palavra e da emoção colocada no tom de voz.

A partir dali, em todas as três seções de Futuros, o público pode interagir em diferentes momentos com máquinas, em um futuro alicerçado na ciência, na tecnologia e também em um mundo mais inclusivo e ambientalmente sustentável. 

Os visitantes podem ver uma cápsula do trem Virgin Hyperloop, o projeto futurista de Elon Musk que aposta no transporte ultrarrápido de pessoas dentro de “tubos”. O primeiro teste do Hyperloop foi feito no ano passado, em Nevada. Um carro voador da Bell Nexus também atrai a atenção e ocupa boa parte do espaço de um dos três saguões.

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Mas a exposição, que foi formatada pelo escritório de arquitetura e design Rockwell Group, se propõe a ir além da exibição de grandes aparatos de tecnologia de última geração. Os visitantes são colocados diante de uma delicatessen do futuro, que propõe uma reflexão sobre potenciais soluções alimentares para reduzir os efeitos ambientais das formas de produção atuais. É o caso de um pacote de bacon produzido com cogumelos

“Mesmo em um mundo que parece perpetuamente em turbulência, é possível imaginar o futuro que nós queremos e não o que tememos”, disse a diretora do AIB, Rachel Goslins. Em telas interativas, o público é frequentemente colocado diante de questões como “quão esperançoso você está com sua comunidade ser mais empática em 2030?”. 

No mesmo salão do tubo de Musk, uma árvore cuja raiz traz uma cápsula para compostagem humana propõe uma nova forma de lidar com a morte. A ideia da Capsula Mundi, criada em 2019, é substituir os caixões por material biodegradável capaz de nutrir as plantas.

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Mesmo tecnologias recentes são colocadas em xeque, em busca de soluções mais inclusivas. É o caso dos robôs digitais por voz. 

Cápsula do trem Virgin Hyperloop, projeto de Elon Musk, que aposta no transporte ultrarrápido de pessoas dentro de 'tubos', é uma das atrações mais procuradas. Foto: Albert Ting/Smithsonian

Gênero neutro

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A mostra apresenta uma voz de gênero neutro, que pode aposentar, por exemplo, a feminina Alexa, a assistente virtual da Amazon. “Q” é uma voz digital neutra, criada para possibilitar que pessoas que não se identificam com gênero feminino ou masculino também se vejam representadas em um assistente de voz.

A vacina contra covid-19 é celebrada como “um dos mais memoráveis descobrimentos científicos dos tempos recentes”. O modelo em 3D da proteína do vírus Sars-Cov-2 é apresentado ao lado de moedas comemorativas pela vacina e frascos usados nos testes da vacina elaborada pela farmacêutica americana Moderna

Em um país onde 30% da população se recusa a receber uma vacina contra a covid-19, Futuros é uma ode à ciência, um chamado por igualdade e uma renovação de esperanças no futuro. 

A exposição funcionará até 6 de julho de 2022 e, como no restante dos museus do Smithsonian, a entrada é gratuita.

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