PUBLICIDADE

Estilhaço concreto nas pinturas de Rodolpho Parigi

Artista exibe em sua primeira individual a geometria quente e contemporânea

Por Camila Molina
Atualização:

A cor pink entre amarelos e outras cores vibrantes explodem em composição com formas orgânicas nas pinturas que o artista Rodolpho Parigi vinha fazendo nos últimos tempos, entre 2007 e 2008. Trata-se de telas de sua série Limite e no próprio título estava a remissão de que as composições do pintor estavam se expandindo tanto, a ponto de pedirem o desafio de uma nova direção. Em pouco tempo de carreira, Parigi, jovem artista, formado em 2007 na Faap, já vivencia o boom de seu trabalho no âmbito do mercado, com obras presentes em coleções particulares e institucionais. Enfim, o que se pode dizer é que tudo está acelerado na carreira do artista e essa característica, inevitavelmente, também se refletiu na própria criação pictórica de Parigi. "A voracidade do mercado me fez achar que já podia estar maneirista, queria tomar um outro rumo", diz. Hoje, na Galeria Nara Roesler, ele inaugura sua primeira exposição individual justamente com o frescor das obras de sua nova pesquisa. Concrete Blonde é o título da mostra e já nele também está a remissão da fonte que Rodolpho Parigi tomou para criar suas novas telas, o concretismo, assim como a arte cinética. "Encontrei os Metaesquemas de Hélio Oiticica, as obras de Soto", afirma. Em suas recentes pinturas, criadas entre o fim de 2008 e início de 2009, a geometria entrou nas composições, mas a vibração das cores e dos excessos, essa característica que já cara à sua produção, não ficaram de lado - a composição geométrica não poderia ser fria, é contemporânea. Pode-se dizer que é coerente o que Parigi vem fazendo; uma mistura de experimento com um repertório reconhecível. A própria exposição apresenta ao visitante uma janela para reconhecer esse percurso ao colocar uma tela da série Limite, desenhos de formas orgânicas e as telas geométricas e coloridas juntos. Mas, curiosamente, não se trata de didatismo e sim de uma afirmação natural de que Parigi vai e também volta em seus caminhos, que não há amarras. "Imagino meu trabalho em três tempos: o primeiro, do embrião, com as formas orgânicas e sexuais; o segundo, em que a forma nasceu, a imagem do splash da gema; o terceiro, do estilhaço concreto, de foco e desfoco geométrico. Mas são todas coisas que estão no mundo, que vão se configurando, das experiências de vida, na cidade, nas viagens", diz o artista. Para ele, tudo é referência: o coque de cabelo que vê na mulher sentada em sua frente no ônibus, a arquitetura eclética da metrópole, todas as cores, imagens publicitárias, as obras de Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Gerhard Richter, Franz Ackermann e Julie Merethu. "Tudo importa", afirma Parigi - então, o concretismo vem, agora, juntar-se à imagem de uma "Blonde", uma loira (aí ele mostra o recorte de uma foto da atriz Scarlett Johansson). A experiência contemporânea é a da fragmentação e da velocidade e isso está de forma evidente nas pinturas e desenhos de Rodolpho Parigi. Waves, a maior tela da exposição (tríptico com 4,80 m de comprimento por 2,10 m de altura), é composição rítmica de formas geométricas e cores. Já Concrete Blonde é pintura da explosão de "estilhaços" de geometria, com algumas formas orgânicas e tantas cores. E há momentos de tranquilidade para os olhos também, com obras mais delicadas. Serviço Rodolpho Parigi. Galeria Nara Roesler. Avenida Europa, 655, tel. 3063-2344. 10h/19h; sáb., 11h/15h. Grátis. Até 14/2. Abertura hoje, 20h, para convidados

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.