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Estátua romana rara é devolvida à França meio século depois de ter sido roubada

Arthur Brand, apelidado de “o Indiana Jones do mundo da arte", devolveu escultura de bronze do Deus Baco, feita no século I

Por Jan Hennop
Atualização:

Um detetive holandês, especialista em recuperar obras de arte roubadas, devolveu uma rara escultura romana fundida em bronze - considerada um dos maiores tesouros da França - ao museu de onde foi roubada há quase meio século.

Arthur Brand, apelidado de "o Indiana Jones do mundo da arte", devolveu em Amsterdã a escultura de bronze do Deus Baco (ou Dionísio) do século I ao diretor do Museu do 'Pays Châtillonnais' (no leste da França).

O detetive de arte holandês Arthur Brand entrega a estátua romana recuperada de Dionísio para Catherine Monnet, diretora do museu francês Pays Chatillonais. Foto: JOHN THYS / AFP

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Em uma tarde gelada de dezembro de 1973, um grupo amigos quebraram uma vitrine do museu, passaram por entre as grades do portão e roubaram a escultura de apenas 40 cm de altura, que representa o Deus do vinho.

“Os criminosos também levaram outras antiguidades e cerca de 5.000 moedas, todas de origem romana, mas a mais importante foi a estátua de bronze de Baco quando criança”, disse Brand à AFP. "A perda para o museu e sua comunidade foi enorme. Uma de suas peças antigas mais valiosas foi roubada", acrescenta.

A estátua de Dionísio, roubada em 1973. Foto: JOHN THYS / AFP

“Como naquela época não havia um catálogo adequado de obras de arte roubadas, a escultura desapareceu no submundo (do crime) e acreditava-se que estava perdida para sempre”, continua o especialista. 

A diretora do museu na França, famoso por sua coleção de peças romanas de um sítio arqueológico perto de 'Vertillum', uma vila galo-romana onde as escavações começaram em 1846, disse estar muito animada. "Quando o vi, na mala dele, percebi o quanto era mais bonito do que a cópia que tínhamos", disse Catherine Monnet à AFP.

A história da estátua ressurgiu por acaso há alguns anos, quando um cliente austríaco contactou Brand, que há algum tempo recuperou um Picasso e os chamados "Cavalos de Hitler", uma escultura de bronze em tamanho natural que adornava o exterior da chancelaria em Berlim, quando o ditador a ocupou.

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Catherine Monnet segura a estátua de Dionísio. Foto: JOHN THYS / AFP

O austríaco pediu que ele investigasse uma estátua de uma criança que ele havia comprado legalmente no mercado de arte. Não encontrando nenhuma referência a ele, Arthur Brand infere que pode ter sido roubado. "A caça foi aberta" para descobrir sua origem, explica. Após meses de investigação, a pista vem de uma foto de uma revista arqueológica de 1927: a estátua representa Baco quando criança e pertencia a um museu francês.

Mais tarde, um relatório oficial da polícia - do qual a AFP tinha uma cópia - revelaria que a escultura havia sido roubada em 19 de dezembro de 1973. Surpreso ao ver isso, o austríaco exigiu que ela fosse devolvida ao museu. "De acordo com a lei francesa, ele recebeu uma pequena quantia em dinheiro, apenas uma parte do valor da estátua, que pode chegar a milhões de euros, para sua 'custódia'", explica Brand.

"Depois de 50 anos, é muito raro que um objeto roubado reapareça. Principalmente por ser tão importante", diz Brand.

"É uma estátua muito, muito importante da mais alta qualidade", afirma Monnet. A escultura havia sido descoberta por arqueólogos em 1894 no sítio de Vertillum, declarado monumento histórico vinte anos antes. Quanto a Brand, o museu dá-lhe entrada gratuita vitalícia, acrescenta com um sorriso.

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