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Espevitada que só ela, Pippi Meialonga é a ''Emília sueca''

Ela é a atração de um dos lançamentos de livros infantis para se ficar de olho nesta época à beira das férias de inverno

Por Geraldo Galvão Ferraz
Atualização:

A boneca Emília, criada por Monteiro Lobato, recheada de macela e linguaruda como ela só, é certamente o personagem mais emblemático da literatura infanto-juvenil brasileira. Da mesma forma, para as crianças européias, uma espevitada parecida é a campeã do gênero. Pippi Meialonga, contudo, não é uma boneca, mas uma menina de 9 anos e cabelos cor de cenoura, que mora com um cavalo, um macaco e uma mala cheia de dinheiro. Criada por Astrid Lindgren em 1945, Pippi é atrevida, irreverente e divertida. Suas aventuras empolgam e agora podem ser lidas pelas Pippis brasileiras numa tradução do sueco e com ilustrações perfeitas de Lauren Child. De uma luta com o homem mais forte do mundo a encrencas com a polícia, Pippi aventura-se por situações incríveis e, no que talvez seja a melhor lição do livro, é independente e generosa. Astrid Lindgren é uma ótima contadora de histórias; não é por nada que seus livros venderam 145 milhões de exemplares e já foram traduzidos em mais de noventa línguas. (Pippi Meialonga, de Astrid Lindgren, Companhia das Letrinhas, 208 págs., R$ 45).Há uma edição de 2001, mas esta é mais caprichada, faz jus ao conteúdo. Talvez o livro do gênero mais bonito lançado este ano no Brasil seja Estava Escuro e Estranhamente Calmo, de Einar Turkowski (CosacNaify, 24 págs. R$ 39). Pode ser até mais apreciado pelos pais do que pelas crianças, mas é um trabalho fantástico de ilustração em preto e branco, que conta uma história intrigante e fascinante de um homem que vai para uma ilha e passa a colher os peixes que aparecem em sua casa. Isso dá inveja nos vizinhos e logo surge o preconceito contra o estranho. É um livro para ser lido e discutido com as crianças, além de encantar pelas ilustrações. Uma boa idéia é a de De Todos os Cantos do Mundo, de Heloisa Prieto e Magda Pucci (Companhia das Letrinhas, 48 págs. R$ 45). Canções de várias partes do planeta, da Nigéria à Irlanda, do Brasil ao Japão, são apresentadas com as letras originais, sua tradução e um texto explicativo. Acompanha o livro um CD do grupo Mawaca com as músicas. Um trabalho de primeira para mostrar e fazer entender a multidiversidade. Olívia Ajuda no Natal, de Ian Falconer (Globo, R$ 35) é para crianças que começam a ler ou que ouvem as histórias contadas pelos pais - e adoram as ilustrações bem coloridas de Falconer, que criou a porquinha-título, um sucesso com a garotada. Ela ajuda e atrapalha a festa, mas não deixa o pai acender a lareira porque isso pode assar o Papai Noel. Criança adora tubarões, não há dúvida. Faz parte daquelas afeições por vampiros e dinossauros, com sua tintura de medo. Chico Cambeva no Fundo do Martelo, de Joaquim de Almeida e Laurabeatriz (Companhia das Letrinhas, 62 págs., R$ 33) conta para os pequenos, que já leem com desenvoltura, a história do pescador Chico que foi comido e descomido por um tubarão-martelo, de quem acaba ficando amigo. De quebra, há um apêndice com um texto didático sobre os tubarões, mais um catálogo dos seus vários tipos. A Criação do Mundo e Outras Lendas da Amazônia, de Vera do Val( Martins Fontes, 48 págs., R$ 35,50), tem ilustrações de Geraldo Valério. São oito contos indígenas brasileiros, histórias de origens, ou seja, como se deu a criação, como surgiram alguns povos, como se deu o aparecimento dos rios, da Lua, etc. A narrativa é segura e interessante, para crianças que já dominam a leitura.

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