PUBLICIDADE

Em Pedaços ela cantou clássicos da abertura

Começar de Novo e Tô Voltando foram grandes sucessos

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Pedaços é considerado o melhor álbum da carreira de Simone por vários motivos. Um deles é o contagiante samba Tô Voltando (Maurício Tapajós/P.C. Pinheiro), que funde com maestria sensualidade e intenção política, como metáfora do retorno dos exilados, depois de extinto o AI-5. Virou uma espécie de hino da abertura, como O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco/Aldir Blanc) foi o da anistia, na voz de Elis Regina. Respirava-se, então, ares menos carregados depois de anos de chumbo. Não por acaso, o disco abre com Começar de Novo (Ivan Lins/Vitor Martins). Para além de mais metáfora política, é um manifesto de liberação feminista, adequadamente utilizado como tema de abertura (sem trocadilho) do programa Malu Mulher, que fez história na televisão. Além dessas, há várias outras pedradas de Ivan e Martins, Sueli Costa com Pinheiro e Abel Silva, Fátima Guedes, Milton e Fernando Brant, Chico Buarque, além de mais uma do repertório do "Rei", Outra Vez, de Isolda. Em Ao Vivo (1980), Simone ressuscitou a panfletária Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré). Bastante criticado, no entanto, o disco não deixa de ter sua importância na história da cantora, porque foi o registro de um show de enorme sucesso no Canecão, a arrancada para a consagração nacional. O último CD da caixa, da virada para a década seguinte, leva apenas seu nome e marcou sua saída da EMI para a Sony. Cantando como nunca, ela contou mais uma vez com um time invejável de músicos e os mesmos compositores com quem se identificava - como Ivan e Martins, autores de Atrevida, um dos hits dentre as inéditas do disco. Aí vieram de fato os penosos anos 80 e muito de sua música desencantou na assepsia demasiada em tons de branco e azul, com um acerto ou outro. Como Roberto...

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.