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...e os que marcaram a cena pop em 2008

Madonna, R.E.M., Muse, a consagração do Planeta Terra, as decepções do TIM Festival e a picaretagem da 'volta' do Queen

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

E 2008 valeu a pena? Para quem pagou caro para ver shows como os de Madonna (R$ 600 + R$ 120 de taxa de entrega) e Michael Bublé (R$ 1.000) na fila do gargarejo, parece que sim. Cada um no seu nicho, esses foram dois shows que deram o que falar por conta do preço salgado do ingresso. Inigualável em termos de superprodução, a turnê Sticky & Sweet, de Madonna, encheu dois Maracanãs e três Morumbis totalizando 337 mil espectadores em cinco apresentações. A overdose de exposição da figuraça do pop na mídia nesta volta ao País 15 anos depois teve a dimensão da potência de som e imagem do megashow. Já o canadense Bublé, estreante em terras brasileiras, enlouqueceu o público feminino, que predominou em suas também concorridas apresentações na Via Funchal. A casa, aliás, foi a que mais contou com nomes internacionais de peso na programação. Além dos que repetiram as boas performances de anos anteriores (Madeleine Peyroux, Bajofondo), a Via Funchal lotou para ver atrações diversas como Cyndi Lauper (em performance tão divertida quanto exótica), RBD, Duran Duran e Joss Stone. Um dos shows mais bem-sucedidos do ano, o do R.E.M., também passou por ali. Em grande forma, Michael Stipe teve a platéia a seus pés, cantando hits como The One I Love e Losing my Religion do jeito que o povo queria, ou seja, com arranjos idênticos aos originais. Pouca gente viu, mas no mesmo palco foi sublime a apresentação de Rufus Wainwright e seu piano. Outros dois shows pequenos na produção, mas de resultado arrebatador, foram o do americano Conor Oberst (a voz do Bright Eyes), no sufocante Studio SP, e o do uruguaio Jorge Drexler e seu violão no Bourbon Street. Beck não veio, mas lançou um dos melhores CDs do ano, Modern Guilt. Já o Muse fez um showzaço de proporções de arena dentro de uma casa fechada, aquela conhecida como Tom Brasil. Uma apoteose para 4 mil pessoas em estado de possessão - algo semelhante ao que ocorreu nas apresentações de Cyndi Lauper e do R.E.M. O Planeta Terra, em sua segunda edição, confirmou-se como o melhor festival de música pop em São Paulo, pelos shows de Kaiser Chiefs, Jesus & Mary Chain, Foals, Spoon e Breeders. Teve também Bloc Party, Offspring e Animal Collective, que dividiram opiniões. Vale também lembrar a sensacional apresentação do Justice no Skol Beats e outros bons expoentes da cena indie que desembarcaram na cidade (leia na página 3). Prejudicado pelos cancelamentos de Paul Weller e The National, o TIM Festival registrou a programação pop mais fraca de sua história. Os destaques foram Kanye West, MGMT, Klaxons e Gogol Bordello, que na hora causaram efeito, mas foram logo esquecidos. Em compensação, quem ganhou foi o público de jazz, com uma programação equilibrada e shows em ambiente adequado: o Auditório Ibirapuera. Por ali passaram Sonny Rollins, Stacey Kent, Carla Bley, Speranza Spal-ding, Bill Frisell e Rosa Passos, entre outros, que quem viu não se arrependeu. A "volta" do Queen, com Paul Rodgers no lugar de Freddie Mercury na Via Funchal, foi um dos maiores embustes do ano. O que se tornou mais risível em Rodgers foi parecer levar a sério (e o público também), coisas de efeito kitsch como We Are the Champions e Bohemian Rhapsody, que na interpretação gay-opertística de Mercury eram debochadas. Compete em picaretagem com o CD Chinese Democracy, do que restou do Guns ?N Roses (ou seja, o caído Axl Rose), e o DJ Paul Oakenfold abrindo para Madonna com o mesmo set chato, preguiçoso e velho todas as noites.

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