Doris Day, de arma em punho, contra a permissividade de 007

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Críticos não têm muito apreço por A Espiã das Calcinhas de Renda, que o TCM exibe às 14 horas, mas é melhor do que qualquer sessão da tarde que a Globo possa estar apresentando ultimamente. E a reação da crítica é compreensível. Em 1966, quando Frank Tashlin realizou sua comédia com Doris Day e Rod Taylor, James Bond ainda era uma invenção recente e Tashlin também havia fixado um patamar tão alto para seu humor virulento que realmente se poderia esperar mais. Agora, face à mediocridade dominante, sua espiã ficou mais atraente. Doris Day era chamada de a virgem do hímen de aço. Ela virou mito numa série de comédias com Rock Hudson, nas quais resistia aos avanços do galã (que, como todo mundo sabe, fora de cena não era muito chegado a um rabo de saia). Aqui, a loira faz viúva que é confundida com agente russa (e, como tal, é perseguida pelo serviço secreto dos EUA). Tashlin, que começou como animador, adorava a violência de cartum. Ele cria gags ótimas, mas a persona de Doris edulcora o que Jayne Mansfield, com quem o diretor fez Sabes o Que Quero e Em Busca de Um Homem, teria tornado explosivo. Talvez seja a graça do filme - a espiã que resiste à nova permissividade de 007.

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