Dois meses para levar a paixão a um ritmo alucinante

Canela Fina, do catalão Cayetano Soto, comemora os 40 anos do Balé da Cidade

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Por Livia Deodato
Atualização:

Sabe como o estômago embrulha quando estamos apaixonados? Quando não conseguimos tirar da cabeça aquela pessoa? É nesse estado de tensão que foi montada a coreografia Canela Fina, que o Balé da Cidade de São Paulo apresenta para comemorar os 40 anos de sua existência, sob o encargo do jovem catalão Cayetano Soto, de 33 anos. Desde abril de 2006, o coreógrafo de Barcelona vem desenvolvendo o tema que se transformaria na obra muito bem acabada que o público poderá conferir até o dia 9, no Teatro Municipal. Mas foi somente em 2007 que o intercâmbio se deu, quando ele conheceu pessoalmente o Balé da Cidade de São Paulo na Alemanha, durante uma turnê internacional que a companhia realizava pela Europa. ''Esses bailarinos me inspiraram muito. A experiência em trabalhar com o Balé da Cidade tem sido maravilhosa. Adoro a energia, o trabalho e a consistência do elenco'', diz Soto, rasgando elogios. Bastaram apenas dois meses de ensaio para firmarem uma coreografia de ritmo alucinante, executada com movimentos rápidos e extremamente técnicos sobre a trilha do americano Michael Gordon, com Weather I. Os bailarinos saem de cena em momentos raros, o que exige um perfeito condicionamento físico. ''Não é uma peça sexual. É sensível e, ao mesmo tempo, forte. É uma tormenta constante provocada por diversos sentimentos.'' A dramaturga alemã Nadja Kadel auxiliou Soto com o roteiro de Canela Fina, desde o início de sua criação. Juntos selecionaram as idéias que julgaram melhores e descartaram tudo aquilo que não funcionaria, principalmente quando transpostas para o palco. De sua estréia como coreógrafo até agora, Soto sempre criou balés para companhias estrangeiras, como a de Stuttgart, na Alemanha, e o Royal de Flandres, na Bélgica. Pois agora ele vai apresentar, pela primeira vez, uma obra sua em casa: o Balé da Cidade de São Paulo vai levar Canela Fina em setembro para Barcelona, além de Bonn, na Alemanha, e Biarritz, na França, como parte da próxima turnê internacional. O nome do espetáculo vem de uma expressão espanhola antiga, usada para definir algo de bom gosto, que atraia os cinco sentidos. Para que o público embarque em todas as sensações que os bailarinos pretendem provocar, 50 quilos de canela em pó serão jogados no palco, em cada uma das cinco apresentações programadas. A nova coreografia, que tem duração de cerca de 30 minutos, será apresentada junto a Dualidade@br, do iraniano Gagik Ismalian (criada em 2001 para o grupo), e Perpetuum, do israelense Ohad Naharin (coreografada originalmente para o Ballet du Grand Théâtre de Genève, em 1992, e estreada pelo Balé da Cidade em 2003). Uma exposição com 300 fotos, expostas em 20 totens iluminados, vai traçar a linha do tempo do Balé da Cidade de São Paulo, fundado em 1968 como Corpo de Baile Municipal. Idealizada por Ana Teixeira, a exposição ficará em cartaz até o fim de agosto no Salão Nobre, durante todos os espetáculos do Teatro Municipal.

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