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Depois que a tarde nos trouxer a lua e Johnny Alf

Ele está de volta, ao lado de Alaíde Costa e Leny Andrade, em dois shows no Sesc

Por Livia Deodato
Atualização:

Johnny Alf está completamente recuperado do câncer que o deixou afastado dos palcos por dois anos. Já dispensou o uso da cadeira de rodas para se locomover - precisa apenas do apoio de alguém que possa ampará-lo em caso de desequilíbrio. Mas nesta semana, dias antes de sua reaparição no Sesc Vila Mariana, não aguentou as drásticas mudanças climáticas e foi acometido por uma gripe. "Ele está um pouco rouco e, portanto, gostaria de pedir uma gentileza: não conversar muito com ele, porque o médico pediu para que ele ficasse em repouso", solicitou, por telefone, a atendente da casa de repouso Figueira, de Santo André, onde Johnny mora desde que começou a se tratar do tumor na próstata. Prestes a completar 80 anos no dia 19 de maio, o músico mantém sua personalidade introvertida, mas não por isso menos atencioso ou gentil. Não ouve bem através do aparelho telefônico, pede para que se faça as perguntas no mínimo duas vezes e as responde de forma direta. Sem rodeios e qualquer tipo de pompa, anuncia que está de volta às apresentações ao vivo para o grande público, um ano após a balbúrdia midiática em torno dos 50 anos da bossa nova. "Eu passei 2008 hospitalizado, tentando me curar", justifica a ausência. Nelson Valencia, seu produtor e empresário há 17 anos, conta que no ano passado Johnny recebeu muitos convites para shows em todo o Brasil, mas teve de recusar a grande maioria justamente por causa dos problemas de saúde (marcou presença apenas na abertura das exposições dedicadas à bossa nova na Oca e na Bienal). "Ele vai voltar devagarzinho, vai fazer esse show com convidados para não ficar muito pesado. E tem a questão psicológica também: ele fez isso por mais de 50 anos e, de repente, começa a achar que não é mais capaz, por conta de ter ficado dois anos afastado", detalha Nelson. "Mas como Johnny já está naquela condição de mito, então o mínimo que ele fizer já deixa os fãs enlouquecidos." Ao seu lado estarão as cantoras Alaíde Costa e Leny Andrade, suas amigas de mais de 30 anos e um tanto quanto íntimas de seu repertório. "Conversei com o Johnny a respeito de quem deveríamos chamar para essas duas apresentações e não houve dúvida sobre Alaíde e Leny. Era importante convidar artistas que conhecessem a fundo a obra e o próprio Johnny, para que com um pequeno ensaio tudo já estivesse acertado", conta Nelson. Além das intérpretes, acompanham o piano de Johnny os instrumentistas Marcos Souza (contrabaixo), Alexis Bittencourt (guitarra), Celso de Almeida (bateria) e o saxofonista francês, radicado no Brasil, Idriss Boudrioua, quem foi homenageado com versos musicais em uma canção que leva o seu nome composta por Johnny no início da década de 90. O repertório a ser apresentado no palco do Sesc Vila Mariana vai se focar em seus grandes sucessos - Eu e a Brisa, Rapaz de Bem, O Que É Amar, Ilusão à Toa, Escuta, Céu e Mar, Fim de Semana em Eldorado e Nós. É claro que uma surpresa ou outra pode estar reservada, dependendo da disposição de Johnny e da receptividade do público. "Os músicos tocam com ele há muitos anos e seguem o seu ritmo: se o Johnny começa a tocar qualquer outra coisa que não esteja no roteiro, eles logo identificam e o seguem", diz o produtor e empresário. O carioca nascido Alfredo José da Silva, filho de um cabo do Exército que fez sua mãe viúva quando ele tinha apenas 3 anos, não tem parentes. Mata o tempo hoje assistindo a filmes - ele sempre foi cinéfilo, afirma Nelson - e, é claro, ouvindo música no rádio. Diz estar-se "sentindo bem, graças a Deus".

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