Da cor aos atores, tudo pensado

O difícil processo de mudar a mídia e tentar ampliar público

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Como se faz a passagem de uma peça de sucesso para um filme que também almeja ao sucesso? Divã é uma produção da Total Entertainment, empresa que acaba de estabelecer, com Se Eu Fosse Você 2, de Daniel Filho, um novo recorde de público para o cinema brasileiro da Retomada. A expectativa da Total é de um novo megassucesso e as sessões de pré-estreia têm apontado para a receptividade popular, embora pareça exagerado pensar que o filme de José Alvarenga Jr. possa chegar aos 6 milhões de espectadores (para superar Se Eu Fosse... 2). Embora não fosse um monólogo, Divã, a peça adaptada do livro de Martha Medeiros, dependia muito da empatia do público com Lília Cabral, que faz a protagonista, Mercedes. O filme ?aera? a peça, com cenas externas impossíveis de reproduzir no palco. Trabalha a cor de uma maneira inteligente. Preste atenção nos detalhes - no começo, a própria Mercedes (a heroína) considera sua vidinha de dona de casa insípida e desinteressante. Como se expressa isso na tela? Por meio da relação ator/cenário. A cor é um elemento importante de Divã. Ela tende ao monocromático, mas vai mudando, adquirindo diversidade, à medida que Mercedes vai para o mundo. E tem a composição do elenco. A produtora Iafa Britz conta que foi um processo delicado. Lília Cabral era o eixo. Podia-se discutir tudo, menos a primazia de Lília - mas a própria atriz sabia que teria de reinventar a personagem (leia acima) em chave mais intimista. A amiga da tela é interpretada pela mesma atriz do palco - e Alexandra Richter não só corresponde como se supera. É ótima. O marido, segundo Iafa, tinha de ser um homem cuja perda fosse sentida pela espectadora. José Mayer tem, como se diz, o physique du rôle. Os amantes, Reynaldo Gianecchini e Cauã Raymond, tinham de valer a pena, como transgressão. A equação está armada. Só resta conferir, em números, se (ou quanto...) o público vai se divertir.

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