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Cultura exibe último programa de Maysa, gravado em 1975

Estudos, produzido por Antonio Abujamra, vai ao ar hoje, quando se completam 32 anos da morte da cantora

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

A temporada Maysa continua. Depois da minissérie ficcional, é hora de rever a verdadeira diva bem de perto. Hoje, quando se completam 32 anos da morte da cantora, a TV Cultura exibe Estudos, registro de sua última aparição na televisão brasileira em 1975, a partir das 22h10. Produzido por Antonio Abujamra e Dorival Dellias, o programa de 42 minutos segue os moldes do Ensaio de Fernando Faro, com profusão de closes sob pouca luz e perguntas em off do entrevistador. Conforme relatou Lira Neto em sua excelente biografia Maysa - Só Numa Multidão de Amores, Abujamra estava determinado a "arrancar o coração e a alma dessa mulher". A cantora chegou bêbada ao estúdio, sentou no chão e ali ficou. Abujamra acabou gravando o programa onde ela estava, fora do cenário, entre fios elétricos, cabos, suportes de iluminação, uma cadeira e um carro vermelhos. O incidente acabou favorecendo o resultado pela originalidade. Ela que também tinha inovado a linguagem televisiva anos antes, mais uma vez protagonizou um episódio inusitado. O que se vê é uma Maysa ao natural, descabelada, espontânea e intensa como sempre, fumando muito, sorridente e serena. As tomadas das câmeras evidenciam rugas e defeitos proeminentes da face, como a cicatriz de uma mordida de cachorro no nariz. Com a voz meio embolada pela bebida, ela afaga a própria memória e evoca outro combustível, além do uísque, que sempre a moveu: o amor, claro. Um dos momentos mais bonitos é quando ela vibra ao ouvir seu ídolo Edith Piaf numa fita cassete que pôs para rodar em seu gravador, depois de mostrar um registro dela própria em duo com o parceiro Julio Medaglia. Uma raridade. Ao lado de músicos como Paulo Moura, cantando com a pungência característica, Maysa relembra clássicos de sua autoria (Resposta, Ouça) e de outros compositores que gravou, como Tom Jobim, Dolores Duran e Silvio Caldas (Se Todos Fossem Iguais a Você, Dindi, Por Causa de Você, Chão de Estrelas), além da francesa Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel), indissociável de sua imagem, entre outras. Um documento valioso.

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