Crítica

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Por Redação
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A mistura de Roberto Fonseca em Zamazu percorre um amplo espectro da música negra internacional, com uma perspectiva multicultural. Por exemplo: ele gravou Ishmael, canção de uma lenda do piano africano, Abdulah Ibrahim (com auxílio de Carlinhos Brown tocando gaita de serra). E também foi em busca das relações entre a música da África e suas ramificações européias, em Congo Árabe (que conta até com o acordeão do brasileiro Toninho Ferragutti). ''''Creio que este tema poderia ter sido uma homenagem a qualquer religião, pois sei que Santa Bárbara, que se chama Xangô na religião Yoruba, era nascida na Turquia e serviu de inspiração para esse Congo Xangô'''', diz o pianista. A Península Ibérica permanece por ali, ressurgindo na faixa Suspiro, uma visão muito pessoal do fado português. Tudo isso com a marca distinta de um piano único - Robertito é um virtuoso, um raro intérprete que domina totalmente seu instrumento. O melhor exemplo disso é a terceira faixa, Clandestino, na qual os estilos se interpenetram, mas nunca se sabe se há fronteira entre eles. Llegó Cachaíto é a homenagem ao grande contrabaixista Orlando ''''Cachaíto'''' López. Mas é em El Niejo que a velha Cuba fala mais ao coração: é a derradeira fala de Ibrahim Ferrer, que se despede. ''''Yo me siento bastante completo.'''' Linda.

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