Crise financeira repercute entre editoras do mundo inteiro

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Por Ubiratan Brasil e FRANKFURT
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A crise que há semanas assola o mercado financeiro mundial provocou arranhões no grande comércio literário que é a Feira de Frankfurt. Nos primeiros dias do evento, editores espanhóis confirmaram já notar uma ligeira queda nas vendas de livros de pequenas tiragens, ainda que os best-sellers continuassem exibindo boa saúde. Também os negócios, prato principal que atraiu neste ano 7.373 exibidores entre editores e livreiros, oscilaram, ainda que não com a mesma violência que marcou as bolsas de todo o mundo. "Percebi que os agentes literários norte-americanos estavam muito cuidadosos em seus negócios, buscando apenas contratos confiáveis", conta Angel Bojadsen, da Estação Liberdade. "Normalmente, eles são mais atuantes e agressivos." Os editores de países emergentes, aliás, irritaram-se com o que pareceu ser um repasse de conta, ou seja, inflação exagerada na venda de direitos. "Chegaram a me oferecer um bom livro sobre genocídios contemporâneos, mas o preço pedido (quase 50 mil dólares) é muito alto para uma obra que não terá tanta repercussão no Brasil", conta Luciana Villas-Boas, da Record Ela notou ainda o aumento exagerado na organização de leilões, ou seja, um estímulo para que editoras do mesmo país se engalfinhassem até que a vencedora fosse obrigada a pagar um valor muito superior ao que normalmente seria desembolsado. Disputas como essa, segundo ela, antes só aconteciam quando surgia o candidato a ser o blockbuster do momento. Crente de que o temporal só assola o quintal alheio, o diretor da Feira de Frankfurt, Juergen Boos, disse que o mercado livreiro tem as próprias regras e não se contamina tão facilmente com a crise financeira. "Os livros são muito resistentes aos ciclos econômicos negativos", anunciou. Ainda que não tão otimista, Paulo Rocco acredita que, no Brasil, o efeito não será grande. "Aqui, a literatura infelizmente é consumida pela elite, que sabe absorver o golpe."

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