Costa-Gavras sai em defesa da escolha de Garapa

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ainda falta a cereja do bolo - o documentário Garapa, de José Padilha, que seria exibido ontem no fim da tarde, após o horário do fechamento da edição do Caderno 2. Panorama Documenta e o Forum têm apresentado interessantes documentários para discutir a dura realidade do mundo globalizado. O de Padilha, vencedor do Urso de Ouro por Tropa de Elite, no ano passado, discute a pobreza no Brasil (e no mundo). Ontem, o presidente do júri em 2008, o cineasta Costa-Gavras - cujo novo filme, Eden à l?Ouest, encerra a Berlinale sábado -, fez uma veemente defesa de sua escolha. "Os críticos que contestaram nossa escolha (do júri) se basearam mais em critérios estéticos do que na avaliação correta do contexto. Não estou me desculpando, pelo contrário, mas o que o filme de Padilha critica é o fato de o governo democrático do Brasil ter deixado que a polícia faça seu trabalho repressivo sem estar subordinada à lei. Essa questão da legalidade aparece também em O Caminho de Guatánamo, de Michael Winterbotton, e Stendand Operation Procedure, de Errol Morris, todos de grande importância política e social, além dos seus valores cinematográficos." Na segunda, o Panorama também viuVingança, de Paulo Pons. Havia um bom público para o filme recebido a pedradas pela crítica no Brasil. O filme integra projeto de cinema ?industrial? barato do diretor. A história do gaúcho que chega ao Rio para vingar-se do homem que estuprou sua noiva coloca questões de honra que também estão no concorrente Katalin Varga, de Peter Strickland (Romênia). Por decepcionante que seja - o cinema da Romênia é hoje queridinho nos grandes festivais -, Strickland trata seu tema como tragédia. Pons não ousa tanto. Berlim parece ter entendido melhor um subtexto do filme. O gaúcho, no Rio, é visto como um personagem meio exótico. Pode ser pouco, mas Berlim foi sensível à análise das diferenças culturais do diretor - que, a propósito, nasceu no Rio Grande do Sul.

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