Cinema entre quatro paredes, o realismo psicológico de Wyler

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

William Wyler começou a dirigir no período silencioso. Por volta de 1940, seus melodramas com Bette Davis (Jezebel, A Carta, Pérfida) e, depois, Os Melhores Anos de Nossas Vidas - que lhe valeu o primeiro Oscar, em 1946 -, já haviam esculpido a fama de mestre do realismo psicológico, atraído por roteiros sólidos e amparado no trabalho (excepcional) dos atores. Mas havia outra característica wyleriana. Pode ser confirmada em Chaga de Fogo, de 1951, às 17h40, no TCM. O filme é uma adaptação da peça de Sidney Kingsley sobre a vida numa delegacia de Nova York. Kirk Douglas faz o investigador intransigente, que cai na própria armadilha ao descobrir um deslize no passado da mulher. Wyler só raramente tira sua câmera de entre quatro paredes. Mas você não vai se ocupar da origem teatral de Chaga de Fogo. Wyler faz cinema pela forma, valendo-se da profundidade de campo para imprimir a este filme - como a toda sua obra - uma assinatura. Eleanor Parker é magnífica como a mulher ignorada do herói. Lee Grant, como a ladra de loja apavorada, não impressiona menos. Foi seu primeiro papel após ser colocada na lista negra do macarthismo. Wyler bancou-a. Não poderia ter contado com melhor atriz.

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