Ciclo leva a debate as leis de renúncia fiscal para o teatro

Programação que segue até o dia 2 envolve investidores e beneficiados tentando ampliar o conhecimento sobre o tema

PUBLICIDADE

Por Beth Néspoli
Atualização:

Nestes tempos em que artistas teatrais reivindicam legislação específica para o setor e discute-se o uso do dinheiro público por meios de leis baseadas em renúncia fiscal não é má idéia ampliar conhecimentos sobre o tema. Esse é o objetivo do ciclo de debates realizado pela direção do Teatro Commune, que teve início da segunda-feira passada e segue até o dia 2. O debate de abertura, acompanhado pelo Estado, reuniu representantes de três empresas patrocinadoras: Petrobrás, Votorantim e Caixa Econômica Federal. Diferentes na amplitude de investimentos, têm em comum o uso de editais públicos para selecionar beneficiados. "O diálogo é sempre esclarecedor", diz Augusto Marin, diretor do Commune. A atriz Michelle Gabriel, que intermediou o debate, ressaltou que convidara outros patrocinadores, "mas foi impossível conciliar agendas". Taís Reis, gerente de patrocínio cultural da Petrobrás, apresentou números de investimentos culturais em todo o País nas áreas de preservação e memória; produção e difusão; formação e reflexão. Ressaltou que a Petrobrás tanto atua de forma direta, por exemplo, na manutenção de grupos como o mineiro Galpão e o Grupo Corpo, quanto por meio de editais. "Com a seleção pública aumentou a distribuição regional nas áreas de artes cênicas e música", afirmou. Ressaltou ainda que a Petrobrás tem como objetivo fomentar a produção cultural existente e, por isso, não possui, e não planeja construir, centros culturais próprios. "Percebemos que o patrocínio continuado propicia aos grupos a manutenção de espaços que acabam se tornando, também, pontos de formação e intercâmbio artístico." O debate mostrou que um dos diferenciais da Caixa Econômica Federal é o investimento direto da quase totalidade de R$ 40 milhões anuais na área cultural. Ou seja, com exceção da manutenção de museus (R$ 6 milhões), os demais projetos beneficiados por edital ganham financiamento direto, sem a utilização do mecanismo da Lei Rouanet. "Eliminamos o que seria mais uma etapa", disse Élcio Mendes de Paiva, gerente de patrocínio da CEF. ???Lárcio Benedetti, gerente de desenvolvimento sociocultural da Votorantim, explicou que a partir de 2006 a empresa unificou-se as ações de patrocínio a partir da premissa do "interesse público" e passou a abrir editais numa política voltada para o "acesso aos bens culturais." Mostrou números de uma pesquisa na qual, entre outros dados, revelou que "91% dos municípios brasileiros não têm sequer uma sala de cinema". Por conta disso, a Votorantim optou por apoiar "itinerância, sensibilização e formação de público". A cada ano, abre um novo edital para patrocinar projetos com essas características, mas mantém os já patrocinados. "Em 2006 investimos R$ 13 milhões, no ano seguinte, R$ 18 milhões e, este ano, a previsão é de R$ 25 milhões, sempre através de Lei Rouanet, sendo 80% isenção fiscal e 20% investimento próprio." Entre os beneficiados, para citar dois exemplos, o projeto A Arte do Brincante, de Antonio Nóbrega, e o projeto Arte em Construção, do grupo Pombas Urbanas, sediado em Cidade Tiradentes. "A Votorantim não faz questão de ser patrocinador exclusivo. Por exemplo, na Bienal de São Paulo, investimos na ida de escolas ao evento." Hoje à noite, será a vez de ouvir beneficiados com o Grupo Galpão. Programação HOJE - 20 h Sustentabilidade do Teatro de grupo Grupo Galpão - Beto Franco Fraternal Cia. - Ednaldo Freire Cia. do Feijão - Zernesto Pessoa Cia. Encena - Orias Elias Commune - Michelle Gabriel SEXTA - 20 h O Teatro e a Cidade Nabil Bonduki - Urbanista e Arquiteto Raquel Rolnik - Pesquisadora e Arquiteta Rubens de Moura - Prefeitura de São Paulo Adailton Alves - Movimento de Teatro de Rua Augusto Marin - Diretor do Teatro Commune DIA 2 - 20 h Aperfeiçoamento Teatral Juca Rodrigues - Funarte Expedito Araújo - Teatro Vocacional Adriano Mauriz - Pombas Urbanas Augusto Marin - Teatro Commune

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.