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Choro predomina na trilha sonora

O CD com a música composta por Plinio Profeta tem Edu Krieger, Davi Moraes, Xis e Black Alien

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

O CD com a trilha sonora de Feliz Natal (Xapaê Muzik, R$ 22), assinada pelo carioca Plinio Profeta, é daqueles que se ouvem tranqüilamente desvinculado das imagens do filme, embora tenha variações para se adequar a cada ambiente da trama. Mais conhecido por seu trabalho com eletrônica, como no primeiro álbum-solo, Plinio Profeta Vol.1, o produtor desta vez usa menos eletrônica e mergulha na música brasileira mais tradicional, como o choro e o samba, mas também tem hip-hop, funk e trechos de diálogos dos personagens. Assista ao trailer e ouça faixa da trilha sonora de Feliz Natal A idéia de fazer o CD, segundo Plinio, só veio depois que considerou ter material suficiente. "É uma tendência atual, até no cinema nacional, em que a trilha sonora não está muito presente. Vários filmes quase não têm trilha. Feliz Natal começou um pouco assim, mas a gente foi colocando cada vez mais música e acabou ficando com um material bacana", diz. Plinio tinha referências, sugeridas por Selton Mello, de "música neutra", de fundo, como choro, música de elevador. "Como a família do filme é de classe média brasileira, achei que a gente devia remeter às coisas do Brasil na parte da festa. E como também não podia ser nada muito alegre, então o choro foi a solução", diz. "A princípio usei músicas de referências, como Cartola, mas depois decidi compor, chamei músicos especialistas em choro, como Edu Krieger, que é mais dessa praia." Profissional dos mais bem-conceituados no meio da música brasileira contemporânea, Plinio tem no currículo colaborações em faixas de discos e shows de Lenine, Pedro Luís e a Parede, Katia B., Fernanda Abreu e Lucas Santanna, entre outros. A parceria com Selton já vem do teatro e do CD anterior de Plinio, em que os dois assinam a faixa Pra Tarantino Ouvir. Alguns dos parceiros de outras experiências, como Krieger, Black Alien, Davi Moraes, Junior Tostoi e Xis, marcam presença em Feliz Natal, como co-autores das composições, nos vocais e nos instrumentos. Plinio toca percussão, piano, violão, viola caipira, guitarra, produz efeitos sonoros e pilota a programação eletrônica. Para o tema incidental, que está na abertura e se repete ao longo de todo o filme, a referência veio de Magnolia, de Paul Thomas Anderson. "A trilha sonora é conhecida como facilitador de emoções. Você vê em novelas quando toca aquele tipo de música que é para fazer chorar. Agora, nos filmes de arte há essa tendência de fazer o oposto disso, até não ter música, como é o caso de Onde os Fracos Não Têm Vez (de Joel e Ethan Coen)." Trilheiro dos mais sutis, o argentino Gustavo Santaolalla (vencedor do Oscar por Brokeback Mountain e Babel) é "referência total" para Plinio. "Ele consegue fazer o que eu tentei com a trilha de Feliz Natal, que funcionasse como experiência audiovisual, mas que não fosse aquela coisa melosa tipo Walt Disney. Coloquei uns acordes tortos, uns barulhos ambientes." Num desses ambientes em que se passa a trama - a área de prostituição da Vila Mimosa, por onde o personagem Caio transita -, o que rola é funk, rap. Daí o diferencial de Black Alien em Tudo o Que Tu Qué e Xis com Qualquiehmohtreta Remix na trilha. No mais, o que prevalece são os choros de Plinio e parceiros, que revelam um outro (bom) aspecto de sua personalidade musical.

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