Cassavetes e o diálogo difícil dos independentes com Hollywood

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

No começo dos anos 60, após realizar o cult Shadows, o ator John Cassavetes - que se havia convertido rapidamente num diretor cult, à margem de Hollywood - foi cooptado pelo cinemão e fez dois filmes consecutivos, A Canção da Esperança e Minha Esperança É Você. Nenhum dos dois fez muito sucesso de público ou crítica, embora possuam características comumente associadas ao nome do autor. Tratam de casais (o primeiro) e exploram a possibilidade de co-criação com os atores (os dois). A Canção da Esperança é a atração das 20 horas no Telecine Cult. Chama-se, no original, Too Late Blues. Em rigoroso preto-e-branco, que realça o ambiente enfumaçado em que se passa, o filme traz Bobby Darin como músico de jazz às voltas com cantora personalista. Ela é interpretada por Stella Stevens, uma loira sexy que fazia sensação no vácuo produzido pela morte prematura de Marilyn Monroe. O problema de A Canção da Esperança é que Cassavetes tenta conciliar seu método de improvisação com as exigências de uma produção de estúdio. Não deu muito certo, mas alguns momentos são intensos e a trilha inclui grandes do jazz como Benny Carter, Shelly Manne e Jimmy Rowles dublando os protagonistas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.