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O maestro Zubin Mehta fala da relação com a Filarmônica de Israel, grupo com o qual trabalhou pela primeira vez em 1961

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Por João Luiz Sampaio
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O maestro indiano Zubin Mehta subiu ao pódio da Filarmônica de Israel pela primeira vez em 1961. Tinha 25 anos, a mesma idade da orquestra. "Você me pede para avaliar como o conjunto evoluiu desde então. É difícil chegar a uma resposta simples. Com certeza, o que posso garantir é que meu desenvolvimento como maestro, meu aprendizado ao longo das décadas passa necessariamente pelo contato com esses músicos", diz o maestro ao Estado. A filarmônica nasceu em 1936, como Orquestra da Palestina. A ideia partiu do violinista polonês Bronislaw Huberman que, pressentindo maus momentos para o povo judeu em Viena, encorajou cerca de 70 colegas a deixar a Áustria e seguir para a Palestina, "unindo o desejo do país de ter uma orquestra com o desejo de músicos judeus de ter um país". O primeiro concerto do grupo foi comandado pela estrela da regência da época, o maestro italiano Arturo Toscanini. Em 1948, com a fundação do Estado de Israel, a orquestra foi rebatizada. Não por acaso, a filarmônica tornou-se símbolo do estado judeu. Em 2006, quando completou 70 anos, a orquestra promoveu duas semanas de comemorações. O ponto alto foi um concerto de gala regido por Mehta, com a participação do pianista Daniel Barenboim e do violinista Pinchas Zukerman. A gravação daquela noite acaba de sair em DVD no Brasil, edição nacional da EuroArts/Music Brokers. Zukerman toca o Concerto nº 1 de Max Bruch; Barenboim, o primeiro dos dois concertos para piano de Brahms; sozinha, a orquestra interpreta o poema coreográfico La Valse, de Ravel, definida certa vez pelo maestro Erich Kleiber como "uma valsa envenenada de absinto". Depois daquele primeiro concerto em 1961, Mehta (que, aliás, foi aluno do maestro brasileiro Eleazar de Carvalho nos Estados Unidos) voltou regularmente a comandar o grupo até que, em 1969, foi escolhido "conselheiro musical principal". Em 1981, ganhou o posto, raro no primeiro time das orquestras mundiais, de regente principal vitalício. Ainda assim, ele conta que a cada seis ou sete anos, pergunta aos músicos se eles querem promover alguma mudança. Por tudo isso, o que se vê no DVD é um maestro muito à vontade no comando dos músicos. Mas não só. Mehta, Barenboim e Zukerman são grandes amigos, de longa data. Há uma gravação dos anos 70, que você acha no YouTube, na qual Mehta, Zukerman, Barenboim, Itzhak Perlman e Jaqueline Dupré interpretam o Quinteto A Truta, de Schubert. Imagens de bastidores os mostram trocando de instrumentos, Barenboim no contrabaixo, Mehta tocando no violino de Perlman. Prazer de tocar, prazer de ouvir. "Esta é uma orquestra que, de certa forma, se transformou com o passar do tempo", continua o maestro. "A experiência tem se misturado com número maior de jovens músicos não apenas de Israel mas de outros países da Europa." Em especial, a seção de violinos recebeu, depois da queda do Muro de Berlim, um bom número de músicos do Leste Europeu, o que, segundo Frank Zeder, cineasta que trabalhou na filmagem dos dos concertos comemorativos pelos 70 anos da filarmônica, ajudou não apenas a redefinir a sonoridade da orquestra como a própria vida musical israelense. Entre os jovens músicos da orquestra, está um brasileiro, o contrabaixista Adriano Costa Chaves. Mehta o conheceu em 2005, quando visitou o projeto do Instituto Baccarelli, na favela de Heliópolis, e o levou para estudar em Israel. "É um músico excepcional e estou particularmente feliz de voltar ao Brasil com ele como parte de nosso grupo". Serviço Filarmônica de Israel. Sala São Paulo (1.501 lug.). Praça Júlio Prestes, s/nº, tel. 3258-3344. Dias 10 e 11/8, às 21 h. R$ 180 a R$ 450 Theatro Municipal de Paulínia (1.367 lug.). Av. Prefeito José Lozano de Araújo 1.551, (19) 4062-0121 - Ingresso Rápido: (11) 4003-1212. Dias 8 e 12/8, às 20 h. R$ 100 a R$ 300 Theatro Pedro II. Rua Álvares Cabral, 370, Ribeirão Preto - Ingresso Rápido: (11) 4003-1212. Dia 15/8, às 21 h. R$ 100 a R$ 300

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