Camille Paglia critica exageros feministas e Hillary

No Brasil, escritora questiona atitude ''''cerebral'''' da pré-candidata americana

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Por Elder Ogliari
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Conhecida por seu gosto por polêmicas, a escritora norte-americana Camille Paglia, de 60 anos, apontou exageros nos movimentos feminista e gay e criticou a possível escolha de uma mulher, Hillary Clinton, como candidata dos democratas à presidência dos EUA, durante entrevistas para jornalistas e palestra para os 500 participantes do Curso de Altos Estudos Fronteiras do Pensamento, promovido pela Copesul (Central Petroquímica do Sul), em Porto Alegre, nesta quinta-feira. ''''O movimento feminista está vivo e atuante, se tornou internacional, mas não é e nem pode ser uma religião'''', sustentou, reiterando suas posições contra o dogmatismo de militantes que responsabilizam o homem por todos os problemas do planeta. ''''Sou a favor de igualdade de oportunidades, mas sou contra uma proteção especial às mulheres, como se elas precisassem de uma supervisão ou de um comitê ao qual se apresentariam como vítimas'''', disse, reforçando sua admiração pela cantora Madonna, a quem atribui uma revolução que colocou em primeiro plano o movimento feminista não puritano e favorável ao sexo, à beleza e ao prazer. Nesse contexto, Camille Paglia lembrou que sempre defendeu a imagem da mulher fatal encarnada por personagens literárias e estrelas de Hollywood. ''''Ao contrário de diminuir as mulheres, mostram o poder que elas exercem sobre o âmbito de sexualidade'''', afirmou. Apesar disso, considera que a era das grandes estrelas do cinema está passando. ''''A última grande performance de atriz é de Sharon Stone em Instinto Selvagem, de 1992.'''' Para a intelectual norte-americana, a cultura popular moderna impõe uma tirania ao exigir que a mulher continue sendo bonita e sexy até os 60 anos. ''''Isso causa desconforto, mas essa pressão existe também sobre os homens'''', comentou, referindo-se ao esforço masculino para manter a aparência. Assim como criticou o feminismo radical dos anos 80, Camille Paglia mostrou-se preocupada com a disseminação do movimento gay na cultura popular, que, segundo a escritora, está fazendo com que muitos jovens que se sentem atraídos pelo mesmo sexo deixem de levar a sério a bissexualidade como opção de vida. ''''Os jovens estão passando por uma certa pressão para dizerem que são gays e assumirem uma identidade sexual definitiva ainda antes de atingirem a maturidade'''', afirmou, mostrando-se contrariada com a demarcação rigorosa entre a hetero e a homossexualidade. ''''Isso não corresponde ao que existe na natureza e às possibilidades humanas de expressão da sexualidade. Eu adotaria uma posição que deixa espaço para a bissexualidade.'''' Mesmo que já tenha prometido votar no Partido Democrata na próxima eleição presidencial dos EUA, Camille foi feroz ao criticar a possível candidatura de Hillary Clinton à sucessão de George W. Bush. Destacou que preferia a senadora californiana Dianne Feinstein, a quem considera uma mulher forte, com sólidos conhecimentos de assuntos militares, mas não disposta a se submeter ao esforço de passar três anos buscando recursos para a campanha. ''''Hillary não é política por natureza, não gosta de se envolver com pessoas, é cerebral demais'''', avaliou, afirmando que a possível candidata tem como ''''único amante sua própria ambição pelo poder''''. Para Camille, Hillary não tem nenhuma relação satisfatória na vida pessoal, nem com o marido e nem com a filha. ''''Mas parece que esse monstro aí vai ser a nossa candidata'''', finalizou.

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