Cada um na sua, ligados pela música

CCBB reúne filmes clássicos que contemplam tribos urbanas e as mudanças de comportamento a partir da década de 1960

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Desde que o rock é rock, cada tribo tem seu estilo de vida, sua moda e sua música, sua identidade sonora. A programação do ciclo Tribos Urbanas no Cinema, que estreia hoje no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) contempla 11 facções - beatniks, hippies, clubbers, glams, new wavers, grunges, punks, yuppies, mods, surfers e skaters -, nas quais a música pop (o rock em maior relevância) é elemento importante. A curadoria da mostra é do compositor e músico Tatá Aeroplano, das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro, em parceria com a Cinnamon Comunicação. Cinéfilo, ele vai mediar quatro debates durante o ciclo. "A música é determinante no surgimento de várias dessas tribos", observa Tatá, que já foi convidado para realizar uma segunda mostra. "Revendo os filmes a gente descobre o que uma tribo influencia na outra. O punk nega o hippie, que tem forte apelo com os beatniks. Os mods negavam o rock, mas ao mesmo eles eram roqueiros." Marco da geração beat, Sem Destino (1969), de Dennis Hopper, que abre a mostra, tem como destaque Born to Be Wild, do Steppenwolf. Jimi Hendrix, Roger McGuinn, The Band e The Byrds engrossam a trilha de peso. Os hippies são retratados em Quase Famosos (2001), de Cameron Crowe. O som do Led Zeppelin predomina, mas a extensa lista de canções inclui Pete Townsend, Joni Mitchell, Hendrix, The Stooges. Bandas clássicas de diferentes gerações, Rolling Stones e Joy Division, têm parte de sua história contada em produções ficcionais com foco em seus heróis mortos. Enquanto Stoned - A História Secreta dos Rolling Stones (2005), de Stephen Woolley, é centrado na figura do lendário Brian Jones, defendendo a tese de que ele foi assassinado, Control (2007), de Anton Corbijn, reconstitui a vida do perturbado e genial Ian Curtis. O Joy Division também é personagem de A Festa Nunca Termina (2002), de Michael Winterbottom, que documenta o nascimento do Haçienda(com ç mesmo), lendário e extinto clube de Manchester. Mas superestima o mediano Happy Mondays, que predomina no filme. Há outros bons documentários na mostra. Stop Making Sense (1984), de Jonathan Demme, flagra o Talking Heads no auge. Joe Strummer: O Futuro Está para Ser Escrito (2007), de Julien Temple, é uma cinebiografia do ex-líder da banda ícone do punk, The Clash. O elogiado Modulações - Cinema para os Ouvidos (1998), da brasileira Iara Lee, foi pioneiro ao documentar o universo da música eletrônica. Hype! (1996), de Doug Pray, dá uma geral no grunge de Seattle, com participação de bandas como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden. Ídolos do movimento, Eddie Vedder e Chris Cornell fazem pontas e estão na trilha do simpático Vida de Solteiro (Singles, 1992), de Cameron Crowe. Faltaram títulos como Os Embalos de Sábado à Noite (1977), clássico da era da disco music, por falta de boas cópias em 35 mm. "Queríamos também colocar mais filmes nacionais significativos, como O Demiurgo (1970), de Jorge Mautner, mas a gente esbarrou no problema da qualidade das cópias", diz Tatá. Serviço Tribos Urbanas. Hoje, 15 h, Sem Destino, de Dennis Hopper; 17 h, Quadrophenia, de Franc Roddam; 19h20, Eu Me Lembro, de Edgar Navarro. CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, 3113-3651. 4.ª a sáb., a partir das 15 h; dom., a partir das 13h30. R$ 4. Até 31/5

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