Cabra Marcado para Morrer e Santiago, tudo a ver

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Pode ser mera coincidência, mas é bem-vinda. O Cine Brasil mostra hoje, na Cultura, às 22h40, Cabra Marcado para Morrer. Apesar das diferenças entre ambos, o filme de Eduardo Coutinho tem tudo a ver com Santiago, de João Moreira Salles, que estreou ontem nos cinemas. Em 1964, Coutinho foi ao Nordeste para realizar uma ficção inspirada na luta do líder camponês João Pedro Teixeira. A produção foi interrompida pelo vitorioso regime militar. Exatamente 20 anos depois, Coutinho fez um documentário sobre a ficção que não pôde concluir. Teixeira havia sido assassinado e, dos diálogos de Coutinho com a mulher do cabra - Elizabeth Teixeira, mãe de dez filhos - surgiu uma obra fundamental do cinema brasileiro. João Moreira Salles, há 13 anos, também colheu o depoimento de Santiago, mordomo da casa de seu pai, o banqueiro Walter Moreira Salles. João não conseguia montar o material. Foram necessários todos estes anos para ele perceber que Santiago não era sobre o outro, nem mesmo o mordomo, mas sobre ele, as suas lembranças, a sua casa, os seus pais. Surgiu um documentário sobre outro documentário que quase não foi feito e que tem momentos encenados. Documentário, ficção. Os limites são tênues, mas os dois filmes são grandes.

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