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Brook recria Carmen, dando nova roupagem teatral à partitura de Bizet

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Por João Luiz Sampaio
Atualização:

Foi no início dos anos 80. Quando já se achava que nada mais de novo havia a se falar de Carmen, a mítica cigana da literatura francesa catapultada para a fama pela música de Bizet, o diretor Peter Brook resolveu ser voz dissidente. Em Paris, criou, a partir da ópera, um novo espetáculo - Carmen virou A Tragédia de Carmen, que ganha primeira montagem brasileira esta semana em São Paulo pelas mãos da Orquestra de Câmara da USP em parceria com a Universidade do Texas. Peter Brook já havia assinado, então, uma montagem integral da ópera de Bizet. E, ao criar um novo espetáculo, manteve o espírito da produção original - a redução dos cenários e figurinos à sua essência. A isso, somou alguns cortes na partitura e mudanças na quantidade de músicos - o objetivo era, ele explicou na época, despir a obra das convenções do gênero operístico, permitindo que intérpretes e público pudessem se concentrar no drama da história, que encontra a cigana Carmen às voltas com o ciúme e o amor do soldado d. José. A reação ao espetáculo foi curiosa. Uma crítica da época, publicada no New York Times, mostrava como o público do teatro exaltava a libertação do drama e a aproximação com a linguagem teatral; por outro lado, o público da música torcia o nariz para as liberdades tomadas pelo diretor, em parceria com Marius Constant e Jean-Claude Carrière, com relação à partitura original. No fim das contas, a razão está no meio do caminho: na recriação feita por Brook, o teatro ganha nova força, sim, mas a retira da música. O espetáculo tem direção musical e regência de Ricardo Ballestero e concepção cênica de Roberto DeSimone. No elenco, Adriana Clis, Gabriella Pace, Marco Antonio Jordão e Saulo Javan.

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