PUBLICIDADE

Bons ingredientes nem sempre garantem um prato agradável

Com atores de prestígio e roteirista experiente, A Lista peca por soluções simplórias

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Atores de prestígio comercial e artístico (Ewan McGregor, Hugh Jackman e Charlotte Rampling), um roteirista experiente (Mark Bomback, de Duro de Matar 4.0) que ganhou a ajuda de um dramaturgo como Patrick Marber (de Closer - Perto Demais) na elaboração dos diálogos de A Lista, que estreou na sexta, é a prova de que mesmo os melhores ingredientes podem não dar certo. Assista ao trailer do filme A Lista A lista do título é telefônica, mas pertence aos integrantes de um clube de sexo. Há uma senha que fornece o subtítulo - Are you free tonight? (Você Está Livre Hoje?) Para hedonistas interessados em sexo livre, sem comprometimento, parece o ideal. É o que pensa o contador interpretado por McGregor. Tímido e reprimido, ele conta nos dedos de uma mão as vezes em que saiu com mulheres. É um homem que vive para os números (e seu notebook). Seu encontro com Hugh Jackman lhe abre, como por acaso, as portas do prazer. O que parece sonho vira pesadelo porque Jackman é um canalha espertalhão - claro -, é tudo parte de um plano e Mc Gregor ainda comete o erro elementar de se apaixonar. No início, o diretor estreante, o publicitário Marcel Langenegger, até logra certa criação de clima, mostrando a vidinha insípida - e metódica - de McGregor e como ela vai sendo subvertida pela maneira atabalhoada como ele entra no jogo. Há um jogo de tênis, como em Match Point; um crime violento, como em Instinto Selvagem; e cenas de sexo que incitam o voyeurismo do espectador. Langenegger trabalha o erotismo e o suspense, com toques de Patrícia Highsmith (Jackman seria o seu Ripley). O problema do herói (McGregor) está no fato de que ele não possui, como diz seu oponente, o ?instinto assassino?. É impressionante como um coquetel de alta voltagem termina banalizado por soluções simplórias. Sexo, dinheiro, poder, nada vence. All we need is love.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.