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Bom Dia, Noite, uma reflexão política sobre o caso Aldo Moro

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Talvez não haja assunto mais delicado na Itália do que a morte de Aldo Moro nas mãos das Brigadas Vermelhas em 1978. Quem o enfrenta, e sai-se muito bem no desafio, é Marco Bellocchio em Bom Dia, Noite ((Telecine Cult, 18 h), tirado do livro de Ana Laura Braghetti Il Prigioniero. Ana Laura alugou o apartamento na via Montalcini, em Roma, onde Moro permaneceu durante 55 dias até ser executado. Foi condenada à prisão perpétua, mas saiu em condicional em 2002. Maya Sansa interpreta Chiara, a única mulher envolvida no seqüestro. Ela aluga o apartamento. Ela também conversa com o prisioneiro (Roberto Herlitzka) e mantém com ele uma relação ambivalente. Como pode o "inimigo" parecer-se tanto a um pai? É a única, entre os guerrilheiros, a colocar em dúvida a missão. Mesmo assim não tem forças para impedir o desfecho. Essa tragédia moderna é entrecortada por cenas documentais: partisans italianos fuzilados pelos alemães durante a 2ª Guerra. Outra cena: Chiara visita a família e os velhos partigiani cantam, como sempre, em cerimônia anual, seus hinos antifascistas. O que mudou, entre as lutas antigas e as contemporâneas, para que estas se convertessem em crime e esgotamento político? É essa a reflexão de Bellocchio.

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